Em 2 de setembro foi anunciado o lançamento da nota de R$200 pelo Banco Central (BC).
A justificativa para criação dessa nova nota, segundo o Banco Central, foi a diminuição da circulação de dinheiro em espécie.
Além disso, o pagamento do auxílio emergencial em espécie para milhões de brasileiros estimulou a manutenção de fundos de reserva em casa (o chamado entesouramento), e não em bancos, o que diminuiu ainda mais a circulação do papel-moeda.
O Conselho Monetário Nacional assentiu, pois o lançamento da nota já estava nos planos há algum tempo, e a pandemia foi o estopim para a decisão.
O lançamento da nota, estampada com a imagem do lobo-guará, pelo valor inerente de face, provocou especulações sobre a inflação que estaria por vir.
Mas, de acordo com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil está num período de inflação estável historicamente (figura 1).
A inflação é a desvalorização do dinheiro, observada pelo aumento dos preços de produtos e serviços, calculada mês a mês através da variação de preço de uma cesta de produtos e serviços consumida pela população. O monitoramento dessa variação é importante pois determina o poder de compra da população, já que se a renda variar menos que a inflação de um ano para outro, o poder de compra cai.
Figura 1. Série histórica do IPCA, em %, acumulado doze meses.
Figura 2. Quantidade de arrobas de boi gordo adquiridas com R$200,00 em São Paulo.
Simulamos o poder de compra de R$200,00 em relação à cotação da arroba do boi gordo.
Considerando a praça de São Paulo, em 1994, com R$200,00 era possível comprar 9,1 arrobas de boi gordo, naquela época cotada em R$21,90.
Atualmente, com o mesmo dinheiro, R$200,00, compra-se 0,8 arroba de boi gordo, uma queda de 91,2% no “poder de compra”.
Na figura 2, apresentamos a evolução do poder de compra de R$200 em relação ao boi gordo desde 1994, início do Plano Real.
Diante da perda do poder de compra, que implica no aumento da necessidade de moeda para comprar a mesma quantidade de arrobas que se comprava há décadas, é fundamental que as comparações sejam deflacionas para se ter uma visão real do quadro vigente e que diante das perdas provocadas pela inflação, o aumento da produtividade parece ser o caminho para compensar essa quebra na relação de troca.
Quando analisamos um produto, e não uma cesta, temos o efeito do mercado em questão e da inflação em paralelo, mas evolução semelhante à da figura seria observada para a maior parte dos produtos ilustrando que uma nota de R$200,00 não é nada excepcional.