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Carta Insumos - Mercado de fertilizantes e relação de troca para o pecuarista

por Felipe Fabbri
Terça-feira, 30 de junho de 2020 -10h50


A importância do agronegócio nacional traz consigo o desafio de melhoria na produtividade e, como fator essencial ao aumento da produtividade, o uso de fertilizantes.


Em 2019 foram 36,24 milhões de toneladas entregues no país, segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).


No entanto, foram produzidas internamente, apenas 6,83 milhões de toneladas no ano passado (18,8% da demanda total). Dessa forma, as importações são fundamentais para atender a demanda interna por fertilizantes, representando 81,2% do volume consumido em 2019.


Na figura 1, apresentamos os volumes entregues, produzidos e importados de adubos desde 2010.


Figura 1. Volume total de fertilizantes entregues, produção nacional e importações, em milhões de toneladas.



Fonte: Anda / Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br


A demanda aumentou na última década, mas a produção nacional não acompanhou este aumento e sofreu, inclusive, com desinvestimento, aumentando a necessidade de importação.


Preços dos adubos


Em 2020, apesar dos recuos nos preços dos fertilizantes no mercado internacional, os patamares mais altos do dólar em relação ao real sustentaram os preços no mercado interno.


Inclusive, as cotações se mantiveram firmes nos primeiros meses do ano, período normalmente, de menor demanda e queda de preços no mercado interno.


Nem mesmo as incertezas geradas pela pandemia causada pelo covid-19 fizeram os preços caírem, a não ser na primeira quinzena de junho, quando o dólar teve forte queda.


Figura 2. Preços médio da ureia agrícola e cloreto de potássio (eixo da esquerda) e superfosfato simples (eixo da direita), em R$/t, em São Paulo, sem o frete.



Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br


Relação de troca


Após melhoria no poder de compra do pecuarista em relação aos adubos nos últimos meses de 2019 e início desse ano, em função dos patamares mais altos dos preços do boi gordo, a relação de troca foi prejudicada a partir de fevereiro, com a alta da cotação dos fertilizantes e preços mais estáveis para o boi gordo, até maio.


Tabela 1. Relação de troca entre fertilizantes e arrobas de boi gordo desde novembro de 2019 em São Paulo.



Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br


Em São Paulo, de janeiro a maio, o poder de compra do pecuarista caiu 16%, 3% e 14% frente a ureia, cloreto de potássio e superfosfato simples, respectivamente.


Para o curto e médio prazos, o viés é de alta de preços no mercado interno, com a maior demanda para o plantio da próxima safra de grãos (20120/21). O câmbio firme também colabora com este quadro.


Ao pecuarista que pretende adubar a pastagem a sugestão é aguardar para negociar no final do ano, passado este período de maior quantidade de negócios (compras para o plantio da safra de grãos) e tendência de alta no preço da arroba do boi gordo, o que reflete diretamente na relação de troca para o pecuarista.


Outro fator, é que os estoques de passagem podem gerar “promoções” nas indústrias fabricantes e oportunidades de compras no final deste ano e começo de 2021.


Considerações Finais


A dependência de importações de fertilizantes no Brasil é imensa, cerca de 80% do consumo.


Desta forma, além do câmbio, a sazonalidade de compra, puxada pela safra de grãos, impacta nos preços no mercado brasileiro.


Convém ficar atento a essa dinâmica de comercialização e utilizar estratégias para as compras pode significar uma redução nos custos de produção de formação ou recuperação das pastagens.