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Carta Grãos - A china e o mercado de soja

por Rafael Ribeiro
Sábado, 30 de maio de 2020 -08h00


A China é a quarta produtora de soja em grão do mundo, mas o volume produzido está bem abaixo dos patamares colhidos no Brasil, Estados Unidos e a Argentina, que ocupam as primeiras colocações.


Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção chinesa foi estimada em 18,10 milhões de toneladas de soja em 2019/20. Veja a tabela 1.


Tabela 1. 
Produção de soja nos principais países em 2019/2020, em milhões de toneladas.

Fonte: Conab / USDA / Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br


A China, entretanto, é a maior consumidora mundial do grão, com uma demanda doméstica estimada em 104 milhões de toneladas em 2020, o que a obriga a importar um grande volume de soja.


Os chineses são os maiores importadores do grão e, com isso, possuem papel importante na precificação da soja nos mercados internacional e brasileiro. O Brasil e os Estados Unidos são os maiores fornecedores para o país asiático.


Para a temporada atual (2019/20), as expectativas são de 92 milhões de toneladas a serem adquiridas no mercado internacional pela China, o equivalente a 88,3% do consumo do país.


Veja na tabela 2, os principais parâmetros referentes ao mercado de soja na China.


Tabela 2.
Produção, importação, esmagamento, consumo doméstico e estoques finais de soja na China, em milhões de toneladas.


Fonte: USDA / Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br


Por essa dependência das importações e para diminuir os riscos de abastecimento e pressão sobre os preços no mercado local, os chineses trabalham com certo estoque do produto. 


Observe na figura 1 que a relação entre os estoques finais e o consumo total tem ficado em média próximo de 20% desde 2010, mas deve ultrapassar os 24% em 2020 e 2021.


Figura 1. 
Relação: consumo doméstico e estoques finais de soja em grão na China.


Fonte: USDA / compilado pela Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br


Considerações finais


Destacamos a retomada das compras chinesas de soja este ano, depois da queda em 2019, em função da forte redução do rebanho de suínos chinês, devido ao surto de peste suína africana. 


As exportações para a China ganham ainda mais relevância, diante das notícias de que o governo chinês estaria orientado as empresas processadoras de alimentos a aumentarem os estoques de grãos (soja e milho, principalmente), em função de uma possível segunda onda do coronavírus no país e preocupações com relação ao suprimento global. 


Isto significa, que o Brasil deverá seguir embarcando bons volumes de soja até junho/julho, pelo menos. 


A expectativa é de aumento dos volumes importados pela China também em 2021, fato positivo para o setor aqui no Brasil, que viu na demanda aquecida e no câmbio os principais fatores de alta nos preços em reais esse ano. 


Com relação aos preços da soja no Brasil, as exportações em bom ritmo devem dar sustentação às cotações em curto prazo, mas vai depender do câmbio (dólar), que caiu na última semana de maio e pressionou para baixo o mercado brasileiro, depois de atingir as máximas na semana anterior.