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Carta Conjuntura - Abate de Bovinos

por Aron Ferro
Terça-feira, 26 de maio de 2020 -18h10


O Brasil é um país pecuário. Isso todos sabem, mas quais são os números dessa pecuária?


A riqueza gerada pelo negócio pecuário no último ano foi de 618,50 bilhões de reais, 3,5% melhor que em 2018, cujo PIB foi de R$597,22 bilhões (Abiec).


Essa riqueza inclui todos os negócios relacionados à cadeia, incluindo insumos, investimentos em genética, sanidade animal, nutrição, exportação e mercado interno.


Abate de bovinos


Em 2019 o abate nacional de bovinos perdeu apenas para o abate chinês. O Brasil abateu 40,65 milhões de cabeças e a China 47 milhões (USDA).


Produção de carne


Em termos de produção de carne, EUA com 12,3 milhões de toneladas, Argentina com 3,1 milhões de toneladas e Austrália com 2,4 milhões de toneladas, competem com o Brasil que produz 12,2 milhões de toneladas (USDA).


Taxa de desfrute


Com relação a taxa de abate, a quantas cabeças são abatidas em relação ao rebanho, os EUA ocupam a primeira colocação e, no período analisado (2000 a 2020), ficou em segundo lugar apenas em 2019 e 2015, perdendo para a Austrália.


Esses números deverão mudar em função da pandemia causada pelo Covid-19. Os EUA sofrem com o fechamento de plantas frigoríficas de grande porte devido à contaminação de funcionários, o que deve diminuir a quantidade de animais indo para o gancho.


O Brasil, ainda não teve grandes paralizações por esse motivo, mas está susceptível.


O que vale ressaltar, é que a respeito de cabeças abatidas, os EUA estão com 9,8% de quebra, e deverão abater 33,91 milhões de cabeças, (estimativa para 2020), em 2000 abatiam 37,58 milhões de cabeças.


Esses números reportam o crescimento e o desenvolvimento da pecuária brasileira, o abate melhorou 33,9%. Em 2000 abatíamos 30,46 milhões de cabeças, hoje abatemos 40,8 milhões de cabeças por ano (estimativa para 2020).


Figura 1. Taxa de abate, em porcentagem do rebanho total, de 2000 a 2020*.



*Projeção | Fonte: USDA / Compilado por Scot Consultoria


Figura 2. Total de cabeças abatidas, em 1000 cabeças, de 2000 a 2020*.



*Projeção | Fonte: USDA / Compilado por Scot Consultoria


Embora a taxa de abate tenha diminuído, isso ocorreu pelo fato de o rebanho brasileiro ter crescido acentuadamente. Em 2000, o rebanho brasileiro era de 164 milhões de cabeças (USDA), e em 2020 a estimativa é de que terminemos o ano com 212 milhões de cabeças (IBGE).


A exportação de gado pelo Brasil é importante, e complementa a lista de produtos pecuários além da carne. Neste comparativo, o Brasil se destaca. Em 2019 exportamos 2,31 milhões de toneladas de carne e 535.289 cabeças de gado (Comex).


Figura 3. Exportação de carne bovina, in natura, de 2000 a 2020.



Fonte: Exportação de carne bovina, in natura, de 2000 a 2020 / Compilado por Scot Consultoria.


O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo, com uma certa vantagem perante a Austrália, segunda colocada em 2019. Para 2020, o rebanho australiano está parcialmente reduzido, devido as queimadas que ocorreram no país ao final do ano passado, de 2019 para 2020, o rebanho sofreu uma redução de 7,1%.


As projeções para 2020 precisarão ser revistas em função da pandemia


Com o final da safra brasileira, a chegada da seca torna o número de animais provindos de pastagens, menor, e os custos de produção do boi, são maiores devido à necessidade de suplementação. É no segundo semestre do ano que historicamente ocorrem as maiores cotações da arroba do boi gordo.


E entramos nesse cenário com um consumo interno aquém do esperado (para uma “não-pandemia”), e apoiado nas exportações para escoamento da carne. Isso cria incertezas para a pecuária intensiva, que tem um custo maior por dia, e acarreta prejuízos caso seja “forçada” a manter o gado na fazenda devido à diminuição do fluxo de compras pela indústria.