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Efeito da Gripe A sobre o consumo de carne suína

por Fabiano Tito Rosa
Quarta-feira, 9 de setembro de 2009 -08h32
Em meados de julho eu participei de um evento promovido pela FAEP (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), em Curitiba, com uma apresentação sobre tendências para os mercados de proteínas de origem animal.

Mostrei que, entre o estouro da crise mundial (mais ou menos em setembro de 2008) e maio de 2009, os preços da carne de frango no atacado haviam recuado cerca de 9%. Para a carne bovina, a queda havia sido de 10%.

Já no caso da carne suína, a retração havia alcançado 35%, ou seja, mais do que o triplo da variação observada para as proteínas concorrentes ao longo do mesmo período. Isso levava a crer que as vendas de carne suína estavam sofrendo pressão adicional, ou seja, não estariam sendo negativamente impactadas apenas pelos efeitos nefastos da crise internacional.

Estaria a Gripe A, inicialmente e equivocadamente tratada de Gripe Suína (e parte da mídia ainda insiste no nome), afastando os consumidores? É possível que sim.

Algumas associações de produtores acreditam que a Gripe A tenha levado a uma queda de 20% no consumo de carne suína no Brasil. Essa tese é polêmica. Alguns aceitam, outros não. Faltam dados para sustentá-la, ou seja, falta pesquisa.

Na China, porém, a US Meat Federation realizou em agosto uma pesquisa com 1,2 mil consumidores (200 em cada uma das 6 principais cidades chinesas). E nada mais, nada menos que 64% deles disseram ter parado de comer carne suína por conta da nova gripe. Essa informação foi divulgada ontem pelo Meat and Livestock Australia (MLA).

O Brasil não é a China. Mas a pesquisa aponta que, apesar do ceticismo de alguns, a doença pode realmente estar afetando significativamente o consumo de carne suína em nível global.

Esse é um bom case para as demais cadeias produtivas, incluindo aí a carne bovina. Campanhas consistentes de esclarecimento e de defesa de imagem devem ser implementadas rapidamente em casos que envolvam saúde pública. O pânico é inimigo das vendas.