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Novos tempos, tempo de agropecuária sustentável!!!

por William Marchió
Sexta-feira, 27 de dezembro de 2019 -12h00


Haja paciência


Não bastasse nossa legislação ambiental, não bastasse nossa legislação trabalhista, não bastasse nossa legislação para utilização de defensivos agrícolas, agora tenho que ser sustentável também? Se nós estamos lutando para se sustentar no campo, agora tenho que dar satisfação a urbanóide sobre como é o meu esforço para produzir este alimento que ele come todos os dias? Agora vem até gente do estrangeiro botar o dedo no meu negócio, dizer que eu desmato, que eu poluo, que eu contamino, que eu sou o maior consumidor de água. Haja paciência.


Árvore que dá bons frutos é a que mais leva pedradas


A quem interessa isso tudo, a cada esforço meu, aparecem mais exigências?


Costumo dizer o seguinte, “arvore que dá bons frutos é a que mais leva pedradas”, assim é a nossa agropecuária, a maior potência agropecuária tropical do planeta. O único país do mundo com fronteira agrícola expansível. Segundo a FAO iremos nos responsabilizar por 40% do atendimento às crescentes demandas de alimentos nas próximas décadas. Vamos tomar mais pedradas ainda.


Dizer que fazemos e que fazemos bem


O mundo está de olho em nossos movimentos, a China e a Índia demandando crescentemente alimentos, provocando verdadeiras revoluções em determinadas cadeias de alimentos, a exemplo do que ocorreu com os preços da carne com a entrada voraz dos chineses comprando tudo de carne que havia disponível no globo para atender ao déficit de sua suinocultura afetada pela peste suína.


Enfim Novos Tempos, nosso esforço será um clamor para melhor nos comunicarmos, não basta fazer, teremos que provar e dizer que fazemos e que fazemos bem.


Já temos modelos de avaliações sócio ambientais robustos, alguns desenvolvidos pela Embrapa, já temos fazendas engajadas em processos com estas chancelas. Produtores em busca de apresentar ao público e principalmente ao seu consumidor, que suas fazendas são sustentáveis em seus pilares ambientais e socioeconômicos, fazendas estas que já atingem altos níveis de exigências de mercados seletos, porém ainda não se comunicavam de forma eficiente com seu público.

O que temos


Temos o único projeto do mundo em Agricultura de Baixa Emissão de Carbono, o projeto ABC, temos a melhor legislação ambiental do planeta, temos o CAR (Cadastro Ambiental Rural), temos Reservas Legais, APP (Área de preservação permanente); temos uma legislação trabalhista árdua para ser cumprida no campo, temos o maior projeto mundial de logística reversa de embalagens de defensivos agrícolas (e que funciona) do mundo. Já somos sustentáveis.

Pregar aos convertidos


Porém, somos bons apenas para “pregar a convertidos”, só os nossos pares sabem disso.  Nosso consumidor não imagina este esforço, esta pressão. Nem mesmo o nosso querido urbanóide, que todos os dias come da carne, bebe do leite, e se farta das frutas e legumes que produzimos, não faz ideia do quão é o esforço para deixar esta mesa farta todos os dias.


Desta forma fica fácil criticar, impor restrições, não estabelecer identidade com aquilo que come, achar que não passa de uma obrigação do homem do campo em servi-lo.

Comunicação


Como fazer uma comunicação eficiente, como ter este urbanóide ao nosso lado?


Existe uma fórmula mágica, existe um caminho para quebrar esta dicotomia intencional de “nós e eles”, onde nós seríamos do agro e eles do úber?


Nosso esforço deverá ser direcionado a um eficiente processo de comunicação, contínuo, progressivo e com garantia de credibilidade.


Não tem parente meu (urbanóide por natureza) que não se encante com as histórias do agro, que não se encante com o dia a dia de uma fazenda, o cheiro da terra, o cheiro do mato, a fruta apanhada no pé, algo até lúdico. Quando falamos que o frango e o boi não tem hormônio no Brasil, quando falamos que o leite não tem química, que os frutos e legumes não matam ninguém, todos se estarrecem, entendem e passam a defender a produção rural em suas rodas de convivência.


Simples assim.


Às vezes queremos criar formas mirabolantes de transpor cupinzeiros achando serem o monte Evereste.


Hoje qualquer idiota se põe a falar mal do agro e consegue arrebanhar seguidores por toda parte com grandes inverdades, com coisas que seriam cômicas se não fossem trágicas. Influenciadores digitais incapazes de enxergar o tamanho do desserviço que fazem ao falarem de forma irresponsável sobre o agronegócio de seu país.


Onde estão os nossos influenciadores digitais, ainda são analógicos?


Ainda não chegaram ao outro lado da porteira?


Precisamos de nossos jovens do campo falando, precisamos destes influenciadores digitais da roça, invadindo residências e smartphones por todos os lados, mostrando o dia a dia do campo, o sol, a chuva o vento, o rio que dá peixe, o lago que dá pra nadar, o trator atolado, a ponte caída, a bomba d’água queimada, o curral enlameado, a colheita do milho, a lida com o gado, a ordenha do leite. Mostrar a todos o quanto é árduo este dia a dia.


País tropical abençoado por Deus


Tenho certeza de que funciona, criaremos nossas Gretas, ou quem sabe Malalas. Rompendo as barreiras de nossas porteiras e falando ao mundo, convocando estes asiáticos famintos a nos apoiarem, a nos valorizarem e quem sabe, isso ajude o paulistano o carioca o brasiliense, entre outros a saberem que moram em um “país tropical, abençoado por Deus”.