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Carta Leite - A exportação de lácteos vai decolar?

por Juliana Pila
Terça-feira, 29 de outubro de 2019 -10h30


Este ano muito se falou sobre a exportação de lácteos, inclusive, nos últimos meses, notícias animaram o setor.


A primeira delas, que gerou discussões, foi o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Apesar de existir a possibilidade de importação do produto europeu, o fato da exportação para o bloco (UE) serviria como uma “vitrine” para outros mercados e poderia abrir portas para os produtos lácteos brasileiros.


Além disso, visto o reconhecimento que nossos produtos, queijos principalmente, têm tido em concursos e torneios na Europa e em outras partes do mundo, promoveria a exportação.


A segunda boa notícia foi a habilitação de 24 laticínios para a exportação de lácteos para a China. A China é a maior importadora mundial de produtos lácteos, principalmente leite em pó e fórmulas infantis, o que abre espaço para que o Brasil tenha uma via de escoamento para sua produção permitindo uma maior regulação dos estoques no mercado doméstico, especialmente em momentos de excesso de oferta e baixa de preços (segundo semestre e safra, por exemplo).


Utilizando os número de consumo do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e o da população chinesa (FAO), temos que o consumo de leite fluído na China em 2018 foi de 23,2 litros per capita por ano, o equivalente a 0,45 litros por semana, isso representa um pouco mais de dois copos de 200ml a cada sete dias, o que evidencia o potencial de crescimento deste mercado.


Para o leite em pó (integral e desnatado), o consumo em 2018 foi de 1,4 quilos por habitante por ano. Desde 2008 o consumo cresceu 78,6%.


As plantas habilitadas a exportar para a China estão assim localizadas (figura 1).


Figura 1.
Localização dos laticínios habilitados a exportar para a China.

Fonte: Mapa / Elaborado por Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br 


A terceira notícia foi a abertura do mercado egípcio para os produtos lácteos brasileiros. Segundo o Ministério da Agricultura, o potencial de negócios com o Egito é de US$8 bilhões em dez anos. 


E como está a exportação este ano?


Até setembro (últimos dados disponíveis), o embarque de produtos lácteos somou 17,4 mil toneladas (MDIC). Na comparação com igual período de 2018, houve um aumento de 13% no volume embarcado.


O faturamento ficou praticamente estável, em US$39,96 milhões. 


Tabela 1.
Faturamento e volume por mês em 2019 e variação em relação a 2018.







































































Mês Faturamento (US$) Volume (kg) Variação do
faturamento em
relação a 2018
Variação do volume
em relação a 2018
janeiro 4.476.512
1.691.299 -15,9%
-17,4%
fevereiro 4.845.210
2.329.187 -13,0%
2,9%
março 6.561.070
2.896.569
3,6%
30,0%
abril 3.897.471
1.660.522
9,3%
23,6%
maio 4.375.560
1.952.934
145,4%
174,2%
junho 3.487.560
1.488.790
8,7%
42,9%
julho 3.849.845
1.741.968
37,7%
54,6%
agosto 4.074.420
1.801.539
-20,7%
-10,7%
setembro 4.391.305
1.877.618
-30,0%
-29,2%

Fonte: MDIC / Elaborado por Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br 


Em 2018, o Brasil exportou para 58 países e em 2019 já foram 90, até setembro. 


Considerações finais 


As expectativas são positivas para as exportações em 2020. Para tanto, ainda é necessário que as adequações da cadeia produtiva e as negociações sejam terminadas.


No entanto, cabe a ressalva que apesar de crescente a produção brasileira de leite (matéria-prima) este ano, a produção deve melhorar sempre seus parâmetros de qualidade buscando novos mercados.


Para 2020, porém, a conjuntura não deverá ser diferente no que diz respeito à balança comercial do leite, e a projeção é que ela continue negativa.