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Carta Gestor - Cinco jogadas transformadoras que merecem a atenção do líder ao definir as metas

por Antonio Chaker Neto
Quarta-feira, 3 de julho de 2019 -17h15


“Ter convicção do detalhe e persegui-lo”. Essa passou a ser uma das minhas novas mensagens-chave para a gestão na pecuária de corte. Tenho percebido que atentar-se aos detalhes da gestão é um dos comportamentos padrão, ou seja, algo que se repete, entre os líderes das fazendas mais rentáveis. Todos são atentos, à casa da vírgula, de suas metas. Por outro lado, as lideranças das fazendas medianas ou em prejuízo não tem o mesmo rigor e preferem “arredondar as contas” ou “ir levando”. Com isso, deixam de potencializar seu negócio com o bom uso das ferramentas de gestão. Perdem oportunidades, não avançam na mesma velocidade. Diante dessa observação questiono: qual é o nível de consciência que você tem, em minúcias, de suas metas gerenciais? Assim como é caprichoso com as estradas, cercas e animais, quão caprichoso você também é com suas metas?


Apesar de estar em um ambiente de commoditie, o fundamento do sucesso está no detalhe gerencial e, a partir dele, buscar excelência para equilibrar a produção e as questões financeiras.  Na prática, é possível quando há orientação, ou seja, metas extremamente claras. Quando se sabe exatamente o que é esperado de cada indicador para que não haja dúvida sobre onde devem ser canalizados os esforços e energias.


Quando há esse direcionamento, as pessoas passam a concentrar-se em atitudes transformadoras! A criatividade aflora, como também a pró-atividade e a motivação. É como em um jogo de basquete empatado. Nos últimos 15 segundos, o técnico pede tempo, para a partida e ensaia a jogada em sua prancheta. Pode ter certeza, nessa hora, ele orienta até o número de passos até a cesta!


E, na pecuária, quais são as cinco jogadas transformadoras que merecem a atenção redobrada do líder na definição de suas metas?


Custo fixo no chão – Sabe o boi ladrão (aquele que não ganha peso)? É a mesma coisa. O custo fixo come o lucro do pecuarista, por isso, é preciso ter foco para reduzi-lo ao menor nível possível. A partir dos dados do último Benchmarking Inttegra, como referência, o custo fixo deve ser inferior a R$18,70 cabeça/mês. Abaixo dessa marca, a chance de sucesso do pecuarista aumenta muito. Vale lembrar que nos custos fixos, contabilizamos mão-de-obra, manutenção, administração e impostos não incidentes na produção.


Gaste com o que dá retorno – Excluindo a reposição, metade de toda a despesa da fazenda deve ser gasta em pastagem e insumos de rebanho. As melhores fazendas gastam R$6,00 cabeça ao mês em pastagem e nutrição para cada 100 g de ganho médio diário de peso. Repare que o importante não é o valor absoluto gasto, mas a relação entre o valor gasto e quanto se obtém de ganho. Neste caso, se o gasto for de R$30,00 cab/mês e o ganho estiver em 400g/dia, há desperdício. O ganho deveria subir para 500 g/dia ou o custo baixar sem alterar o desempenho.


Ganho de peso é o foco – Em nossos estudos comparativos sabemos que para gerar R$100,00 ha/ano a mais de resultado posso buscar mudanças em quatro variáveis: vender a arroba R$17,00 mais caro, economizar R$7,80 cabeça/mês; aumentar a lotação em 0,49 unidade animal (UA) ou aumentar o ganho médio diário (GMD) em R$0,046 kg/dia. Sem pestanejar, o mais fácil para o pecuarista é aumentar o ganho, pois ele não dependerá do humor de outros setores, mas apenas de seu esforço e expertise. Além disso, com maior ganho, há redução do tempo de permanência do animal e diminuição de seus custos fixos, pois aumenta o giro de estoque.  


Calcule o faturamento da equipe – Outro indicador importante diz que o faturamento deve ser, em média, oito vezes o valor da folha de pagamento. Em fazendas, o ideal é que cada pessoa responsável no campo gere, pelo menos, R$330 mil de receita por ano. Caso seu faturamento, por colaborador, seja inferior, é possível otimizar atividades ou buscar gargalos.


Saiba o resultado por vaca exposta – Na cria, é importante saber quantos quilos de bezerro foi desmamado para cada vaca exposta na estação de monta. O ideal seria a partir de 158kg e há tecnologia para elevar a média do Brasil que está praticamente na metade, em 88kg de bezerro por vaca exposta. Outros indicadores importantes que orientam sobre esse resultado são: a taxa de desmame superior a 75%, com peso de 210kg dos bezerros (as).


Sabemos que não é tarefa fácil alcançar esses números, mas a partir do momento que se tem a definição do gol, eles se tornam mais fáceis. O papel do líder é analisar, periodicamente, o andamento desses indicadores, que chamamos, também, de números inteligentes. Na definição da trajetória, deve-se ter em mente, que os ganhos devem ser graduais, pois o ótimo é inimigo do bom, ou seja, quem busca a excelência logo de cara, está longe de atingir a meta principal. O ideal é estipular metas intermediárias e alcançáveis pela equipe para que seja dado um passo de cada vez. Se o foco estiver nos números inteligentes e não em outros indicadores, a velocidade será maior para alcançar a rentabilidade.


O importante é saber que é possível! Se há quem se concentra, cria um plano de ação e se aproxima da meta, qual é o motivo do seu projeto, também, não ter sucesso? Os dados são factíveis, obtidos a partir de análises sólidas do Benchmarking Inttegra, excluindo os resultados fora da curva. Participar do grupo que ganha dinheiro dependerá apenas da resiliência da equipe e da consciência de que as mudanças não ocorrem de forma instantânea, mas com muita atividade transformadora da equipe. Por estarmos em uma atividade plurianual, se o foco for definido, em quatro anos, você estará entre as top rentáveis ou muito perto delas. É o que mais quero para a pecuária nacional!!!!