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Carne bovina: é realmente necessário abaixar os preços para os supermercados?

por Fabiano Tito Rosa
Quarta-feira, 22 de julho de 2009 -08h46
Temos acompanhado a discussão em torno da suspensão da incidência de PIS/PASEP e da COFINS sobre frigoríficos comercializam carne bovina no mercado doméstico. E os impostos têm mesmo que cair.

Ontem, porém, a Agência Brasil publicou uma declaração que me deixou intrigado: “Houve um acordo para que os frigoríficos, quando venderem aos supermercados no mercado interno, reduzam os seus preços. O modelo não vai ter nenhum impacto para o consumidor final.”, disse subsecretário de Tributação e Contencioso da Receita Federal, Sandro Serpa. Isso porque embora os frigoríficos vendam os produtos mais baratos, os supermercados recolherão mais impostos sobre esses.

Ao invés de pressionar os frigoríficos a venderem carne ainda mais barata, o governo deveria questionar o varejo sobre o ágio que eles colocam em cima da carne que adquirem no atacado.

No nosso informativo semanal, o Boi & Companhia, temos uma página exclusiva para analisar o mercado de carnes, a página 4. Lá apresentamos os preços no atacado e no varejo, e fazemos algumas comparações.

Vejam só as informações que eu retirei da edição da semana passada (a dessa semana circulará na quinta-feira). No atacado paulista o acém estava sendo comercializado a R$6,03/kg, mas no varejo o preço médio era de 10,94/kg (diferença de 81%). O miolo de alcatra estava em R$9,26/kg no atacado, sendo R$18,06/kg no varejo (diferença de 95%). E por aí vai.

Na média dos cortes de traseiro, o varejo estava trabalhando com um “sobre-preço” de 82% em relação ao atacado sem osso (cortes), de 97% em relação ao atacado com osso (carcaça) e de 111% em relação ao que o pecuarista recebia pelo quarto traseiro do boi. Veja a figura 1.



Esse gráfico é reproduzido toda semana no Boi & Companhia. Com base em nosso histórico, dá para afirmar que o varejo normalmente trabalha com uma “margem” (diferença de preço) que oscila entre 70% e 80% em relação ao atacado. Por vezes ela ultrapassa positivamente esse patamar (como na semana passada), mas dificilmente vem abaixo dele.

Será que o frigorífico precisa mesmo reduzir ainda mais os preços? Será que os supermercados não têm condições de absorver o custo adicional advindo da isenção do PIS/PASEP – COFINS sobre o setor produtivo, sem penalizar o consumidor?

Só estou colocando o assunto em discussão.