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O futuro do agronegócio

por Thamires Fernandes
Quinta-feira, 18 de abril de 2019 -05h55


O agronegócio é fundamental para o desempenho positivo da economia brasileira, o que não é novidade, mas sempre é bom ficar de olho no que se espera para o setor e os fatores que podem alterar o dia a dia e a viabilidade das atividades agropecuárias. 


Para avaliar o peso do agronegócio na economia nacional é preciso observar dados de geração de riqueza. 


Agronegócio em números  


O Produto Interno Bruto (PIB) é a somatória de tudo que é produzido internamente no país. Segundo o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018, foi gerado R$6,8 trilhões em riqueza no Brasil, alta de 1,1% frente a 2017. 


A participação do agronegócio foi de 21,1%. Isso representa uma geração de riqueza na ordem de R$1,4 trilhão (Cepea).


O Brasil, sendo exportador de alimentos, permite que a balança comercial do agronegócio seja positiva. Segundo dados do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), o saldo da balança comercial do agronegócio foi de US$87,65 bilhões em 2018.


A soja em grão, principal commodity agrícola exportada, foi responsável por 40,2% das exportações do agronegócio.


Em relação à participação da pecuária, as exportações de carnes foram responsáveis por 14,5% das exportações.


Figura 1.
Participação das principais commodities no total de exportações do agronegócio brasileiro.

Fonte: Mapa / Compilado pela Scot Consultoria 


Gargalos do setor 


Para quem atua no ramo agrícola o Brasil parece o lugar certo. Contudo, o produtor rural e os demais agentes da cadeia sabem os desafios e os riscos que estão presentes no dia a dia das atividades agropecuárias. 


Na última quinta-feira (11/4) a CNA divulgou uma pesquisa com os produtores rurais, a fim de identificar os gargalos e as demandas presentes no setor. 


O estudo mostrou que a maior parte dos pecuaristas, 59,9%, apontam que o crédito rural é a demanda mais importante para o campo. 


De acordo o presidente da Confederação, seria necessário um projeto de crédito que ultrapassasse um ano safra, visando uma melhora no planejamento de cada produtor. 


Entre outros gargalos mencionados na pesquisa, apareceram custo de produção, e infraestrutura e logística, em sequência. 


Cenário externo 


A produção de commodities nos força a estarmos atentos a eventos internacionais que possam impactar nos negócios.


Alguns eventos recentes, que valem destaque, são, em primeiro lugar, a guerra comercial entre China e Estados Unidos.


Essas duas nações são as maiores economias globais e atritos entre elas podem afetar a cadeia logística de diversos produtos.


O Brasil foi beneficiado por essa situação desfavorável entre os dois países, com volume recorde de soja exportada, foram 83,6 milhões de toneladas (2018).


Veja mais detalhes na Carta Grãos - Quem está comprando a soja brasileira?.


A expectativa é que o acordo entre ambos deva estar próximo de se concretizar.


Outro fato importante é a peste suína africana que afetou a produção de suínos na China.


Em reportagem do Valor Econômico publicada no dia 11 de abril o CEO da JBS EUA afirma que esse fato acarretará em mudanças na demanda de carne bovina, suína e de frango. O CEO global da mesma companhia alertou que o fluxo de comércio da indústria global de carnes será afetado por, pelo menos, três anos.


A Scot Consultoria abordou o tema com comentários sobre os possíveis impactos da doença para o Brasil na Carta Conjuntura-Inferno astral suíno no ano do porco na China.


Cenário interno


O Brasil está em início de recuperação econômica, infelizmente, mais lenta do que o esperado.


A expectativa divulgada no Boletim Focus, do Banco Central, em relação ao crescimento do PIB, caiu de 2,01% para 1,95% nas últimas quatro semanas.


Essa recuperação econômica lenta influencia o consumo da população. Em março a pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apontou queda de 0,4%, apesar de alta na comparação anual. 


Em relação aos gargalos apontados, o novo plano safra sai em junho e, até lá, deve-se observar os pronunciamentos dos diversos ministérios, com destaque para a pasta da Agricultura. 


Por fim 


O futuro do agronegócio será modulado pelos agricultores e de como o Brasil vai evoluir, aproveitando momentos e superando gargalos. 


No atual cenário, estar atento às oportunidades de expandir mercados é uma estratégia importante, que diminui a dependência do mercado interno. 


Para isso, o setor precisa monitorar as demandas internacionais, e analisar a melhor forma de atendê-las, expandindo o portfólio de produtos aptos a exportações e aos acordos internacionais.