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A economia brasileira no pós-eleição

por Revista Feed&Food
Segunda-feira, 8 de outubro de 2018 -15h30


O conturbado cenário político no País torna impossível qualquer previsão sobre a economia brasileira para 2019. “Poucas vezes o Brasil esteve diante de um desafio tão grande como agora”.


A afirmação é de Pedro Parente, CEO da BRF, durante o Encontro dos Encontros, evento realizado pela Scot Consultoria de 1 a 5 de outubro, em Ribeirão Preto.


Para o executivo, a retomada do crescimento econômico sustentado depende de uma questão fundamental: “Sem confiança é muito difícil os investimentos voltarem”.


De acordo com Parente, o nível de investimento atual no Brasil, 15% do Produto Interno Bruto (PIB), é o mais baixo desde 1996 e permite crescimento anual da economia de apenas 1% ao ano. “Convivemos com gargalos básicos de infraestrutura e a nossa capacidade regulatória acabou comprometida nos últimos anos. Se os problemas não forem enfrentados de maneira correta, não haverá confiança no futuro e, assim, não há investimento”, afirmou.


Diante disso, para o executivo, o eleito, ou eleita, deverá ser “patrocinador da mais profunda e difícil agenda econômica dos últimos trinta anos”.


“Patinamos em relação à questão fiscal”, ele argumenta e exemplifica: “O Brasil saiu de um superávit superior a 3% do PIB no início dos anos 2000 para um déficit de 1,69% do PIB no ano passado, sem construir crescimento econômico sólido”.


O que sustentará uma política econômica que possa endereçar os graves problemas enfrentados pelo País será a capacidade de construir consensos mínimos em torno de temas espinhosos, discorre Parente. “A agenda eleitoral após a eleição não poderá se limitar ao ajuste fiscal. Não haverá sustentação para estas medidas se o País não voltar a crescer. E a nossa agenda de aumento da produtividade não pode esperar a solução fiscal para seguir adiante”.


Então, para fazer o Brasil avançar, o executivo elenca diversas características fundamentais para o próximo presidente. A primeira delas é ser capaz de liderar o País no enfrentamento de corporações e direitos ditos adquiridos que, até hoje, impediram reformas fiscais básicas.


“Terá que ser um presidente capaz de conciliar ajuste e crescimento econômico baseado em aumentos de produtividade, que reduzem gargalos e estimulem investimentos”, continua.


Ainda, deverá ajudar na reconstrução do tecido político nacional, abrindo mão dos ganhos de curto prazo em favor de políticas de longa maturação. Também, ser capaz de comunicar bem as reais necessidades das reformas para o futuro da nação.


E tudo isso será exigido dele em meio a intolerância e polarização crescentes. “Aumentando ainda mais o desafio da construção de consensos mínimos que nos permitirão avançar”, acrescenta.


E esse momento todo de incertezas afeta também o agronegócio, é claro. Contudo, por se tratar de uma atividade cíclica, uma visão diferente se faz necessária, aponta o CEO da BRF: “Em negócios desta natureza é muito importante não olhar apenas o momento presente, mas sim a duração deste ciclo”. Isto porque a atividade gera condição de fazer uma poupança quando o ciclo está positivo para atravessar a fase de baixa.


Então, como o produtor de proteína animal deve se portar para construir essa reserva de segurança? “Sem dúvida, inovação é fundamental para isso”, confirma Parente, e completa: “E não apenas em relação ao uso de técnicas de produção. Para maximizar as margens e construir uma poupança é importante se atentar a inovações também em gestão”