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Para onde a indústria vai correr?

por Leandro Bovo
Quinta-feira, 6 de setembro de 2018 -17h15


A virada de agosto para setembro e este início de mês tem seguido o que a grande maioria dos analistas esperava, ou seja, falta de oferta, preços em alta e muita dificuldade de compra por parte das indústrias. Essa situação ocorre em todo o país, mas em algumas regiões com menor oferta de bois confinados têm sido mais intensa.


O mercado futuro segue sua tendência de alta e o contrato de out/18 renovou sua máxima acima de R$153,00/@ nesta semana, com maior volatilidade e aumento do número de contratos negociados, finalmente rompendo a resistência dos R$151,00/@ e quebrando o marasmo em que se encontrava nas últimas semanas.


A questão que se coloca para as próximas semanas é até onde essa escalada de alta pode chegar, já que em muitos casos a restrição de oferta é tão relevante, que nem mesmo preços mais altos foram suficientes para amenizar a situação. Um outro agravante são os diferenciais de base, que estão muito fechados com relação a São Paulo, significando que a indústria não tem muita margem de manobra para segurar maiores altas na praça paulista. Acompanhe na tabela 1:


Tabela 1. Diferenciais de base do boi gordo em relação a São Paulo.


Fonte: Broadcast


Repare que o único estado em que o diferencial de base não está sensivelmente menor do que há 30 dias e um ano é Mato Grosso, nos demais a situação é complicadíssima e temos casos, como Minas Gerais, em que esse diferencial está praticamente zerado, significando preços iguais aos de São Paulo.


Com a restrição de oferta bastante evidente no Brasil todo, talvez a chave para entender até onde a alta pode alcançar esteja com a demanda e nesse front temos situações divergentes entre os mercados interno e o externo. As exportações de agosto foram de 145 mil toneladas, aumento de 17% em volume frente a ago/17 e sendo esse o maior volume exportado na história do Brasil. O faturamento em reais teve alta ainda mais impressionante, crescendo 41,7% sobre ago/17. Já no mercado interno a situação não é tão positiva, porém, com a restrição de oferta e maior direcionamento de carne para exportação, os preços também têm subido, apesar da fraca demanda.


Caso a indústria queira manter o ritmo atual de produção, fica difícil segurar a tendência de alta diante da oferta menor no curto prazo, porém, se houver alguma racionalização de abates, com a diminuição do abate diário ou férias coletivas, essa pode ser uma sinalização para o arrefecimento dos preços. Para quem quiser surfar essa onda com a segurança do preço mínimo garantido, a put de R$150,00/@ para outubro chegou a ser negociada até a R$0,75/@ e sem dúvida é uma ótima alternativa.