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Abates em alta, carne em baixa

por Leandro Bovo
Sexta-feira, 7 de julho de 2017 -09h50


A indústria aproveitou o aumento da oferta e a queda dos preços causadas pelo fim de safra, aliado ao redirecionamento das ofertas por conta dos problemas com o JBS, e aumentou de forma significativa os abates nas últimas semanas. Além do anúncio da reabertura de algumas unidades produtivas, muitas indústrias passaram a abater com escalas cheias e retomaram abates aos sábados, causando um grande aumento na produção de carne.


Toda essa “empolgação” da indústria se justifica, já que a margem estava em patamares muito positivos e que há muito tempo não eram observados. A questão foi que esse aumento de produção está tendo impacto bastante significativo nos preços da carne com osso, que vem apresentando quedas nas últimas semanas. Acompanhe na figura 1.


Figura 1.
Carne com osso atacado São Paulo, R$/kg.
Fonte: Radar Investimentos


O fato é que mesmo com essa queda nos preços da carne, a margem continua favorável, historicamente acima da média, e a questão que se coloca é se a indústria vai continuar com o mesmo apetite de compra, abrindo mão de margem, ou se ela diminuirá o ritmo de abates para preservação das margens, o que se refletiria em maior pressão no mercado físico de boi gordo.


A boa notícia da semana foi que o mercado futuro aos poucos vai deixando o pânico para trás e o contrato de out/17 conseguiu subir até de forma consistente, recuperando patamares cima dos R$127,00/@ e voltando a colocar ágio, mesmo que pequeno, na curva futura. A situação, embora longe de ser confortável, é bem melhor do que o enorme deságio que os preços futuros vinham apresentando nas últimas semanas.


Diante de todas as incertezas que ainda estão presentes na pecuária atualmente, é pouco provável que o mercado futuro tenha força para conseguir retomar um ágio mais consistente com o período de entressafra, ainda mais tendo como cenário um mercado físico pressionado como o atual. A boa notícia é que com os diferenciais de base fechando o resultado operacional de quem usou a BVMF para proteger operações fora de São Paulo está mais favorável. Torcemos para que continue assim.