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Vendas varejistas retraem 0,6% em agosto/16, revelando que o baixíssimo consumo doméstico persiste

por Parallaxis
Quarta-feira, 19 de outubro de 2016 -10h20

Os dados das vendas varejistas de agosto/16, divulgados nesta manhã pelo IBGE, apresentaram recuo de 0,6% na passagem do mês, de julho para agosto, com ajuste sazonal. Na comparação interanual, agosto/16 contra mesmo período do ano anterior, as vendas do varejo apresentaram recuo de 5,5%. Em relação à nossa expectativa, os números surpreenderam negativamente, de modo que a projeção da Parallaxis era -0,4% m/m e -4,9% a/a.


Com relação ao conceito Varejo Ampliado (que inclui automóveis e material para construção) em agosto/16, a pesquisa revelou recuo de 2,0% (expurgado os efeitos sazonais) na passagem do mês, e retração de 7,7% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Neste conceito, esperávamos retração de 0,9% no mês e -5,6% na comparação anual.


Os primeiros oito meses de 2016 das vendas no varejo restrito encerraram com forte recuo de 6,6%, comparado com o mesmo período do ano anterior. Nesta mesma leitura, o varejo restrito encerrou 12 meses com -6,7%, ao passo que no varejo ampliado a queda foi mais intensa, de -10,2%, especialmente devido ao desempenho das vendas de veículos automotores, que retraíram 17,7%, e material de construção -12,7%, no mesmo modo de comparação.


O desempenho segue influenciado pela inflação corrente ainda elevada, o crédito mais restrito com elevada taxa de juros, aumento do desemprego e queda do rendimento médio dos trabalhadores. E tais fatores não devem se reverter ao longo deste ano, visto que as expectativas para o mercado de trabalho são de continua deterioração. Na margem, a queda ocorreu em 6 (de 8) atividades, revelando-se um recuo bastante disseminado.



Na comparação com julho/16, aqueles segmentos que recuaram, foram: Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-5,0%); Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-2,8%); Móveis e eletrodomésticos (-2,1%); Livros, jornais, revistas e papelaria (-2,1%); Combustíveis e lubrificantes (-2,0%).


Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,2%). De maneira oposta, Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,8%) avançou neste modo de comparação, ao passo que Tecidos, vestuário e calçados (0,0%) ficou estável. No Varejoampliado, Veículos e motos, partes e peças recuou 4,8%, enquanto as vendas de Material de Construção avançaram 1,8%.


Na comparação entre agosto/16 ante agosto/15, nota-se que as oito atividades do varejo recuaram, sendo por ordem de contribuição: Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,2%); seguido por Combustíveis e lubrificantes (-10,0%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-10,8%), Móveis e eletrodomésticos (-9,3%), Tecidos, vestuário e calçados (-10,4%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-3,8%); Livros, jornais, revistas e papelaria (-15,1%) e Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-9,0%). No varejo ampliado, ambos segmentos recuaram, sendo veículos e motos, partes e peças (-14,7%) e material de construção (-12,2%).


Veja mais detalhes dos ramos de atividades que compõem o indicador, na tabela abaixo:



O resultado das vendas varejistas não trouxe novidades em relação ao consumo doméstico. Temos ressaltado que o setor deve recuar ao longo de 2016 e até meados de 2017 devido ao aumento do desemprego, redução dos rendimentos reais do trabalhadores, restrição creditícia e inflação corrente elevada, o que tem colaborado para diminuir intensamente a demanda.


Outro fator que vem influenciando negativamente é a desalavancagem pela qual o setor privado (empresas e indivíduos) está passando e que deverá persistir ao menos até meados do ano que vem também. 


De tal sorte, mantemos nossa projeção de recuo de 6,0% das vendas do varejo restrito em 2016. Já para 2017, esperamos um crescimento modesto das vendas do varejo, entre 0,2% e 0,5%.