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Rentabilidades em 2015: mais um ano do dólar

por Equipe Scot Consultoria
Quinta-feira, 10 de março de 2016 -15h30

*Artigo publicado na revista Agroanalysis - vol 36 - número 02 - 2016, p 24. 25 e 26.


A Scot Consultoria calcula todo ano as rentabilidades médias das atividades agropecuárias e de outras opções de investimento de capital, referentes ao fechamento do ano anterior.


Em 2015, o dólar e os fundos cambiais lideraram os investimentos, com valorização de 47,0%.


Na sequência vieram o ouro, os títulos indexados ao IPCA e o CDI, todos com rentabilidades médias acima da inflação. A inflação calculada pelo IGP-DI, fechou em 10,70% no ano passado. Veja a figura 1.



Dentre as atividades agropecuárias, a pecuária de corte (ciclo completo, com aplicação crescente de tecnologia) apresentou o melhor resultado econômico em 2015, cuja rentabilidade média foi de 8,79%.


Foi a única atividade dentre as listadas a ficar acima do rendimento da poupança, mas ainda assim abaixo de outras opções financeiras.


O resultado do ciclo completo (alta tecnologia) melhorou ligeiramente em relação a 2014, quando a rentabilidade foi, em média, 8,65%. Neste caso, o ponto fundamental para o pecuarista foi a não necessidade de compra de bovinos para a reposição do rebanho, fugindo assim das altas de preços de bezerro (a) e boi/vaca magro (a) em 2015.

Com a menor disponibilidade de boiadas para abate, mesmo diante dos ajustes produtivos dos frigoríficos e demanda interna patinando, os preços da arroba de boi gordo subiram.


Já a recriador / invernista (alta tecnologia), mesmo recebendo mais pela arroba, sentiu a forte valorização de preços das categorias de bovinos para reposição.


A rentabilidade da atividade caiu de 8,45% em 2014 para 6,19% em 2015. Veja a tabela 1.



No caso da pecuária leiteira, os resultados econômicos foram pressionados pela queda nos preços do leite ao produtor e aumento dos custos de produção.


Comparando as médias de 2015 em relação a 2014, o preço do leite caiu 3,3% em valores nominais, enquanto os custos de produção subiram, em média, 5,4%, segundo o Índice Scot Consultoria de Custos de Produção da Pecuária Leiteira.


A rentabilidade média da atividade de alta tecnologia caiu de 7,91% em 2014 para 1,69% em 2015.


Já a pecuária leiteira de baixa tecnologia amargou mais um ano de prejuízo (-7,61%). Foi o pior resultado dentre as atividades agropecuárias analisadas. Só perdeu para o Ibovespa, cuja queda foi de 13,31% em 2015.


Na agricultura, os preços da soja subiram fortemente no mercado interno no segundo semestre de 2015, impulsionados pela valorização do dólar em relação ao real.


Para o milho, o câmbio favorável aumentou a competitividade do produto nacional e as exportações aumentaram a partir de junho, com recorde de volume mensal embarcado em dezembro de 2015, de 6,27 milhões de toneladas. Houve forte valorização das cotações no mercado interno, em reais.


Na média destas atividades (milho e soja), a rentabilidade foi de 3,02% em 2015, frente a 2,49% no ano anterior.


Por fim, a produção e o fornecimento de cana-de-açúcar registraram mais um ano de prejuízo, com rentabilidade média de -0,35% em 2015. Já o arrendamento em regiões de cana apresentou rentabilidade média de 4,50% no período.


Considerações finais


O cenário ainda é de incerteza econômica e política no país, o que deverá limitar o crescimento e investimento em setores agrícolas e pecuários.


Do lado dos custos de produção, tanto na pecuária como na agricultura, houve forte aumento a partir da segunda metade de 2015, com forte impacto do câmbio. Os principais insumos começaram 2016 em um patamar elevado de preços, apertando as margens do pecuarista e do agricultor.


Em anos de incertezas como foi 2015 e será em 2016, a estratégia de compras de insumos é fundamental para reduzir os custos de produção, mas mais que isso, é preciso eficiência na produção.


A aplicação de tecnologia buscando a melhoria dos índices produtivos e ganhos em escala tem sido a solução, seja na agricultura ou pecuária.


Independente dos parâmetros considerados, gestão e planejamento são as principais armas à disposição para enfrentar os tempos difíceis ou prosperar nos momentos favoráveis.


A análise diária dos mercados e fatores que neles interferem será essencial.


Autores: Rafael Ribeiro de Lima Filho, Alcides de Moura Torres Júnior, Alex Lopes e Gustavo Aguiar