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Desempenho fora da porteira prejudica agronegócio brasileiro

Quinta-feira, 10 de março de 2016 -05h30


Se tem uma modalidade em que o Brasil é campeão absoluto é o desperdício no transporte. Ninguém no mundo consegue, tanto quanto nós, jogar grãos nas estradas. Uma cena que se repete por todo país. 


O chamado transporte curto, do campo até os silos, pode representar um grande prejuízo para os agricultores. Cooperativas e cerealistas estimam que durante o percurso, meio por cento da carga fique pela estrada. Quantidade que pode chegar até a três sacas por caminhão.


O problema é parecido no transporte longo, que é aquele dos armazéns até os portos ou indústrias esmagadoras. Na safrinha 14/15 Mato Grosso colheu cerca de 15 milhões de toneladas de milho. Considerando ambos os trechos de transporte ficaram pelas estradas cerca de 115 mil toneladas do grão. Volume suficiente para encher mais de 3.100 caminhões, com capacidade para 37 toneladas cada um. Esse desperdício todo transformado em dinheiro, a conta surpreende. “Isso representa, considerando o valor da saca de milho de hoje, cerca de R$35,00 milhões”, alerta Cid Sanches, gerente da Aprosoja-MT.


Um estudo da CNT chamado “Transporte & Desenvolvimento: Entraves logísticos ao escoamento de soja e milho” comprova os graves problemas existentes no escoamento da produção no país. Somente as condições do pavimento das rodovias levam a aumento de 30,5% no custo operacional. Se fossem eliminados os gastos adicionais devido a esse gargalo, haveria economia anual de R$3,80 bilhões.


Esse desperdício emperra o objetivo de tornar o Brasil um grande player do mercado internacional de milho.


Enquanto Os investimentos não vêm, o Brasil rural amplia a área plantada na segunda safra, sejam irrigadas áreas onde falta chuva, como é o caso do Matopiba. Ou promovendo o plantio do milho onde há condições de implementar sistemas de Integração Lavoura Pecuária Floresta (IPF).


A CNT calcula que para melhorar o escoamento de soja e milho no Brasil, seria essencial investir R$195,20 bilhões, dos quais R$80,10 bilhões em ferrovias, R$60,50 bilhões em rodovias, R$34,00 bilhões em navegação interior, R$18,80 bilhões em portos e R$1,80 bilhão em terminais.


Um planejamento estratégico para eliminar os gargalos de produção, além de outros importantes temas ligados ao agronegócio, será debatido no Global Agribusiness Forum - GAF 2016, que acontece nos dias 4 e 5 de julho de 2016 em São Paulo.


Fonte: Infomoney. 9 de março de 2016.