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Organização Mundial da Saúde coloca carne processada na lista de alimentos cancerígenos

Terça-feira, 27 de outubro de 2015 -16h26


O maior consumo de carne processada aumenta o risco de câncer do intestino em humanos, e a carne vermelha é fator de risco provável, afirmaram especialistas da OMS (Organização Mundial da Saúde) nesta segunda-feira (26), divulgando um relatório que deve acirrar o debate sobre os méritos de uma dieta baseada em carne.


A IARC (Agência Internacional de Pesquisa do Câncer), braço da OMS baseado na França, colocou produtos como salsichas, linguiças, presunto e bacon em sua lista do grupo um, que já inclui o tabaco, amianto e fumaça de diesel, para os quais já há "evidência suficiente" de ligação com o câncer.


A decisão não foi tomada apenas com base em estudos novos, mas em uma análise da literatura médica sobre o assunto existente até agora, mais de 800 estudos.


"Para um indivíduo, o risco de desenvolver câncer colorretal em razão do consumo de carne processada permanece pequeno, mas esse risco aumenta com a quantidade de carne consumida", afirmou Kurt Straif, chefe de programa Monographs, do IARC, que avalia riscos para o câncer.


Os especialistas endossam estudos segundo os quais para cada porção diária de 50 gramas de carne processada aumenta o risco de câncer colorretal em 18%.


Defumadas, curadas e fermentadas


A carne vermelha -- grupo dentro do qual estão tecidos muscular de boi, porco, carneiro, bode e cavalo -- foi classificada como um carcinógeno "provável" e entrou na lista do grupo 2A, que contém o glifosato, princípio ativo de muitos herbicidas.


A definição do IARC para carne processada inclui produtos "transformados por salgamento, curagem, fermentação, defumação e outros processos para realçar sabor ou melhorar a preservação", afirma um artigo publicado por cientistas do IARC na revista médica "The Lancet", que acompanhou a divulgação do novo relatório.


"A maior parte das carnes processadas contém carne de porco ou boi, mas também pode conter outras carnes vermelhas, frango, carne de segunda (fígado, por exemplo), ou subprodutos da carne, como o sangue", afirma o artigo.


A classificação mais branda para a carne vermelha é reflexo de "evidências limitadas" de que ela causa câncer. O IARC descobriu ligações principalmente com o câncer de intestino, mas também observou associações com tumores no pâncreas e na próstata, afirmou.


Valor nutricional


"Essas descobertas dão mais suporte às recomendações sanitárias atuais para limitar o consumo de carne", afirmou Christopher Wild, Diretor do IARC.


"Ao mesmo tempo, a carne vermelha tem valor nutricional", afirmou o médico, sugerindo que as novas recomendações não sejam encaradas de maneira alarmistas. "Esses resultados, então, são importantes para permitir governos e agências regulatórias internacionais para conduzirem avaliações de risco, de modo a equilibrar riscos e benefícios de comer carne vermelha ou processada e para fornecer as melhores recomendações diárias possíveis."


Fonte: G1.globo.com. 26 de outubro de 2015.