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Carta Leite - Mercado internacional de lácteos – Crise de preço e oferta em alta

por Rafael Ribeiro
Quarta-feira, 19 de agosto de 2015 -17h21

No dia 18 de agosto a plataforma Global Dairy Trade (GDT) realizou o leilão de número 146, com os produtos lácteos cotados, em média, em US$1.974,00 por tonelada.~


Na ocasião foram comercializados 36,90 mil toneladas, um decréscimo de 20,7% frente ao leilão anterior e queda de 20,4% em relação ao mesmo período do ano passado.


O leite em pó foi negociado, em média, por US$1.856,00, alta de 16,7% na comparação com o evento da quinzena anterior e queda de 33,8% na variação anual.


O leilão realizado no início de agosto atingiu US$1.590,00 para o leite em pó integral e US$1.419,00 para o leite em pó desnatado, menores preços desde julho de 2008, data inicial do histórico da plataforma GDT. Veja a figura 1.


Principais causas da crise nos preços e alta oferta


 Os altos estoques da China reduziram significativamente suas importações de lácteos. Em 2014 foram importados 671 mil toneladas de leite pó integral e 253 mil toneladas de leite em pó desnatado.


As estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontam quedas de 40,4% e 20,9%, respectivamente, nas compras desses produtos em 2015.


Outro fator que reforça o cenário de maior oferta internacional foram os embargos que a Rússia impôs aos produtos lácteos e a outros alimentos dos Estados Unidos, União Europeia, Canadá, Noruega e Austrália.


Isso ocorreu em agosto de 2014, após o apoio desses países às sanções impostas ao governo russo pela invasão da Criméia.


Ao mesmo tempo importantes países exportadores aumentaram a produção. Os Estados Unidos e União Europeia estão em plena safra. Veja tabela 1.


Diante disso, a expectativa é que a pressão de baixa sobre o preço internacional permanecerá em curto e médio prazos.


Considerações finais


 O excedente de leite derrubou os preços aos produtores mundiais e tem causado uma onda de manifestações em países como Reino Unido, Alemanha, França e Brasil.


A China forçou a desvalorização de sua moeda, o Iuan, para estimular as exportações e alavancar a economia. Essa decisão desestimula as importações.


A Rússia estuda a possibilidade de embargar produtos de outros países nos próximos meses, como: Montenegro, Albânia, Islândia, Liechtenstein, Ucrânia e Geórgia.


Para o Brasil há possibilidade de conquista de um novo mercado, a Rússia. O objetivo, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) seria fornecer metade do leite em pó importado pelos russos.