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Carta Insumos - Para onde vai o custo do segundo giro de confinamento

por Alex Santos Lopes da Silva
Sexta-feira, 31 de julho de 2015 -18h12

O período é de preparação para a segunda rodada de confinamento.


As boiadas que abastecerão as indústrias no último trimestre do ano, provavelmente conseguirão preços melhores que os atuais.


Essa afirmação está pautada no comportamento das cotações no primeiro semestre do ano.


A pressão imposta pelos frigoríficos nas últimas semanas, por exemplo, fugiu da normalidade.


Houve uma retração na demanda por bovinos depois que muitas plantas pararam. Tudo isso em um ambiente de economia em condições historicamente críticas.  Mas, apesar dessas ocorrências, a arroba do boi gordo do pico histórico de preço em abril, na média do país, acumulou queda de pouco mais de 1,0% ao mês até julho. Em algumas praças a redução não atingiu nem a metade dessa porcentagem.


A oferta limitou as baixas e, portanto, com o estabelecimento da entressafra, deverá haver menos bois terminados e menos espaço para pressão baixista.


Mas, se pensarmos nos custos, algumas considerações devem ser feitas.


A começar pelo custo da dieta.


Dieta


Quem precisou comprar milho em julho se deparou com preços mais altos. Na comparação com julho de 2014, o milho está custando 11,7% mais. Veja a figura 1.



As chuvas no Sul e Centro-Oeste prejudicaram a colheita da safrinha. Além disso, a safra norte-americana que já seria menor esse ano, foi agravada pelas chuvas que castigaram muitas lavouras, chegando ao ponto de ter replantio. Isso eleva a demanda pelo produto brasileiro e será o fator determinante para a alta do grão. Portanto, atenção ao mercado externo.


Sendo o milho o balizador dos preços dos demais ingredientes energéticos da dieta, estando seu preço em alta, os outros componentes devem ter trajetória parecida.


Porém, por enquanto, o sorgo pode ser uma alternativa. O preço está 30,5% menor que há um ano.


O farelo de soja, que assim como o milho também é balizador dos componentes proteicos, em julho acumulou o terceiro mês de alta. E, apesar de estar com preços 4,0% menores que no mesmo período de 2014, deve seguir subindo. Os atrasos no plantio da safra norte-americana e o dólar valorizado contribuem com a alta de preços do farelo de soja.


Além disso, o melhor momento para a compra já passou. Entre maio e junho ocorre o maior processamento de soja e, consequentemente, maior oferta de farelo no mercado. Figura 2.



Operacional


Esse item subiu de forma considerável em 2015 e, não deve haver grandes surpresas até o final do ano.


Conforme a última reunião do Comitê de Política Monetária (Compom), realizada em junho, a alta para a gasolina em 2015 deve ser de 9,1%.


Segundo pesquisa da Scot Consultoria, entre janeiro e junho, o combustível subiu 9,25% ou seja, se a expectativa se confirmar, não deve ter novos reajustes até o final do ano, ou as valorizações serão pequenas. O diesel, no período subiu 8,5%.


A energia elétrica por sua vez, praticamente acumulou toda alta projetada pelo Copom, de 41,0% em doze meses. A alta apurada em 2015 para a eletrificação rural em São Paulo até julho, por exemplo, já é semelhante à projetada.


Boi magro


Para o boi magro, que representa aproximadamente 70,0% do custo total da operação, embora este tenha caído menos que a arroba do boi gordo entre abril e julho de 2015 (tabela 1), não estão descartados novos recuos.



Com essa desvalorização, até agora, abaixo da arroba do boi gordo pode, acreditamos que alguns confinadores podem repensar a segunda rodado do confinamento.


Os preços dessa categoria têm "roubado" parte do lucro da operação e, em alguns casos, dependendo da remuneração recebida pelo boi gordo, a inviabiliza.


Isso diminui a demanda pelo boi magro.


Além disso, as pastagens devem perder capacidade de suporte, forçando recriadores a agilizar as negociações. Suplementar na recria eleva o peso dos animais e aumenta os custos. Quanto mais pesadas as boiadas, menor a remuneração por arroba, sem contar ainda que mais tempo na fazenda representa maior o risco de mercado.


Portanto, atenção aos preços do boi magro. Embora os outros custos não devam aliviar o custo da operação nos próximos meses, pela participação do boi mago no desembolso total, atenção, a esta categoria que tem perspectiva de quedas de preços.


Os bovinos para reposição, do bezerro ao boi magro, estão sem potencial de valorização e entraram em uma trajetória de queda depois de dobrarem de preços em dois anos.