Artigo originalmente publicado na Revista Agroanalysis
Os preços da soja e do milho subiram no mercado brasileiro a partir de fevereiro.
O principal motivo foi a valorização do dólar em relação ao real, que refletiu diretamente nos preços destas commodities no mercado interno.
No caso da soja, os preços em reais subiram 13,7% desde fevereiro em Paranaguá, no Paraná. Em dólar houve queda de 6,4% no mesmo período.
Para o milho, o aumento foi de 10,7% nas cotações em real, com queda de 12,2% nos preços em dólar. Veja a figura1.
Atrasos na colheita da soja e, consequentemente no plantio da segunda safra de milho, além do clima adverso em algumas regiões produtoras, em especial no Centro-Oeste, contribuíram para este cenário.
A alta animou os produtores e a liquidez do mercado melhorou, tanto de soja como de milho.
No caso do milho, os produtores correram para finalizar a semeadura do grão, mesmo fora da janela ideal de plantio e incertezas climáticas.
Resultados econômicos
Analisamos, a seguir, o desempenho econômico da produção de soja na primeira safra e do milho de segunda safra em Mato Grosso.
Comparamos os resultados considerando a venda em dois momentos distintos: o primeiro em outubro de 2014, quando a safra de verão estava sendo plantada e o tom do mercado era baixista devido à expectativa de maior oferta mundial na temporada e o dólar em um patamar bem mais baixo; e o segundo momento, em março de 2015, com os preços em alta.
Foram utilizados os últimos valores referentes aos custos de produção (custos operacionais) e produtividades médias, divulgados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) para a safra 2014/2015.
O agricultor que em outubro de 2014 vendeu a soja e o milho para entrega futura teve um lucro médio de R$1.108,80 por hectare, sendo R$943,99 provenientes da soja (safra de verão) e R$164,81 do milho na segunda safra.
Já quem aguardou e deixou para negociar mais para frente, em março de 2015, conseguiu um lucro médio de R$1.967,69 por hectare com as duas culturas, sendo R$1.254,20 da venda da soja e os R$713,49 restantes, do milho safrinha.
O lucro aumentou 77,5% em questão de cinco meses.
Especificamente o milho, a rentabilidade aumentou mais de quatro vezes em relação ao desempenho estimado para a venda no segundo semestre de 2014.
Na figura 2, uma comparação das rentabilidades médias considerando a venda em outubro de 2014 e março deste ano.
A estimativa é de uma rentabilidade média de 9,3% para a soja e 5,3% para o milho, levando em conta a venda em março de 2015.
Em curto e médio prazos, o dólar valorizado é um fator de sustentação dos preços da soja e milho no mercado brasileiro, mesmo com a colheita da safra de verão em andamento no país.
No mais, as incertezas com relação à produção de milho na segunda safra no Brasil e possibilidade de redução da produção norte-americana (2015/2016) dão sustentação aos preços no mercado brasileiro.
Espera-se uma maior movimentação por parte do vendedor no final de março e abril.