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Reposição e preços dos confinamentos no EUA

por Fabio Lucheta Isaac
Quarta-feira, 6 de agosto de 2008 -09h47
Os fazendeiros norte-americanos pretendem diminuir em 8% a área ocupada com milho em 2008, na comparação com 2007. Foi esta a previsão divulgada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

Problema para os confinadores. Afinal, a disputa pelo milho entre pecuaristas e indústrias de etanol já está acirrada. Imagine com redução de área plantada...

Está todo mundo de olho no clima, para ver se pelo menos ele ajuda na produtividade do milho. O panorama divulgado pelo USDA para 2008 e 2009 assume padrões de precipitação (chuvas) normais para aquele país, mas aponta também que a umidade do solo em algumas regiões de pastagens e no chamado “cinturão do milho” pode prejudicar a produtividade.

Portanto, a pecuária norte-americana será fortemente afetada pela agricultura (milho) e pelo clima, sendo que uma coisa está relacionada à outra.

Com relação ao rebanho norte-americano, um levantamento realizado pelo governo, no início do ano, revelou uma retração no estoque de vacas (matrizes), numa taxa não abservada desde os anos 50.

A taxa de abate de vacas começou a crescer fortemente no segundo semestre de 2007. As condições de estiagem nas maiores áreas de cria, o declínio das margens de lucro com a venda de bezerros (devido à queda de preço desta categoria) e o aumento dos custos de produção foram os maiores responsáveis pelos abates de fêmeas nos Estados Unidos.

O abate de vacas resultará numa redução da safra de bezerros e, conseqüentemente, num menor número de animais para reposição em 2009 e 2010, afetando diretamente os confinamentos. Uma alternativa para aliviar esse déficit será o aumento do uso de bezerros leiteiros, até então utilizados quase que exclusivamente para a produção de vitelos.

Logicamente, a falta de animais no mercado irá pressionar positivamente os preços dos animais terminados (confinamentos) e da carne bovina dos Estados Unidos.

Por enquanto, em função de pressões baixistas e do aumento dos custos de produção, os confinadores se vêm obrigados a vender animais mais leves. A engorda não é viável.

As pressões baixistas são resultado do arrefecimento da economia local (os consumidores não têm aceitado facilmente os aumentos de preço) e do aumento da oferta de vacas para abate. Sem contar o efeito da concorrência com a carne de frango e a carne suína.

Mediante o que foi exposto, o cenário que se prevê nos comércio de gado e carne bovina nos Estados Unidos, em médio prazo, consiste na (1) retenção de novilhas e vacas (por conta da valorização do bezerro, após o descarte que se verifica hoje), afetando o suprimento de gado para reposição dos confinamentos. Num segundo momento (2), elevação dos preços das carnes devido à baixa disponibilidade de animais no mercado.

Por outro lado, entre os fatores que podem “amenizar” o movimento de alta da carne bovina são a (1) boa oferta de proteínas concorrentes, com preços relativamente atrativos, e (2) ajustes nos abates de vitelos, com direcionamento desses animais para os confinamentos. Por fim, é preciso considerar também a (3) importação de gado do México e do Canadá, que será destinado aos confinamentos norte-americanos.

Como resultado geral, o USDA prevê que a produção de carne bovina, em 2008, será de 26,7 bilhões de libras (12,10 milhões de toneladas), levemente superior à de 2007. No entanto, em 2009, a estimativa é de 26,4 bilhões de libras (11,97 milhões de toneladas), uma redução de 1,07% em relação à produção de 2008. (MNB)