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CEPEA - soja

por CEPEA/ESALQ-USP
Terça-feira, 13 de janeiro de 2015 -17h27

As condições climáticas estiveram no foco também deste setor ao longo de 2014. Em grande parte das regiões produtoras, os receios foram gerados pela estiagem, enquanto que, em Mato Grosso (maior produtor nacional), o excesso de chuva é que preocupava. No balanço, no entanto, o clima foi favorável à cultura, e o Brasil teve mais uma safra recorde, com 86,12 milhões de toneladas de soja. De farelo, foram produzidas 28,34 milhões de toneladas e, de óleo, 7,18 milhões de toneladas, os maiores volumes desde a temporada 2010/11, conforme dados da Conab.


Nos Estados Unidos, havia expectativas de estoques baixos ao final da temporada encerrada em agosto, o que de fato ocorreu. Colhendo 91,4 milhões de toneladas na sua temporada 2013/14, o país teve o menor estoque de passagem já visto, de apenas 2,503 milhões de toneladas, segundo dados do USDA. A Argentina, terceira maior produtora mundial, colheu 54 milhões de toneladas, 9,5% a mais que em 2013, segundo o USDA.


Com menor oferta nos Estados Unidos, importadores passaram a demandar maior quantidade de soja brasileira, o que elevou as exportações do país para patamar recorde: 45,67 milhões de toneladas de janeiro até a terceira semana de dezembro, 6,7% a mais que em 2013. Os embarques de farelo de soja somaram 13,46 milhões de toneladas (+1%) e os de óleo, 1,16 milhão de t (-6%).


O escoamento da safra brasileira, no entanto, continuou esbarrando nas dificuldades logísticas. Produtores e tradings das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste do país enfrentaram dificuldades no transporte do grão devido às condições precárias das rodovias. Os valores do frete entre regiões de Mato Grosso e os portos do Sudeste e Sul chegaram a patamares recordes ainda no primeiro trimestre de 2014, representando mais de um terço do preço do produto a ser exportado. O porto de Rio Grande (RS) passou a receber uma quantidade maior de produto de outros estados devido, em especial, aos gargalos observados em Santos (SP) e Paranaguá (PR), mas também porque apresentou prêmios maiores, fretes mais baratos e melhor organização, o que agiliza a transferência da soja para os navios.


Tradicionalmente, devido à sazonalidade de preços, as vendas no segundo semestre tendem a ocorrer a valores maiores que os observados no primeiro semestre. Porém, neste ano, devido ao cultivo de área recorde na temporada 2014/15, os valores da soja e de seus derivados foram menores no segundo semestre, mesmo em período de entressafras brasileira e norte-americana. As cotações cederam de maio a outubro, voltando a se recuperar nos dois últimos meses do ano.


De modo geral, consumidores globais de farelo de soja apresentaram bom apetite em 2014, e os valores do farelo de soja deram um salto nos Estados Unidos e no Brasil. Por aqui, a média do farelo em 2014 foi a maior (em termos nominais) do histórico do Cepea, iniciado em janeiro de 1999.