Em cenário de inflação alta, elevados gastos do governo e fraco otimismo, a FGV prevê um crescimento da economia brasileira neste ano de 1,6%. A estimativa supera a de algumas consultorias, que esperam uma taxa mais próxima de 1,0%.
A diferença, segundo Sílvia Matos, economista da FGV, é que a instituição não espera uma freada tão brusca no segundo trimestre. O mercado espera um alta de 0,2%, em média. Já a FGV projeta 0,5% frente ao primeiro trimestre.
A economista diz que os serviços e alguns ramos da indústria, como energia e extrativa, vão sustentar algum dinamismo da economia. Para o ano fechado, afirma, o cenário será o mesmo: queda da indústria como um todo (puxada pela indústria da transformação e a construção) e alta de serviços e agropecuária.
Inflação
O economista José Julio Senna afirma não enxergar no atual governo a intenção de "segurar a inflação" e tende, com isso, a não subir a taxa de juros - que deve fechar em 11,0% neste ano.
A FGV projeta o IPCA, taxa oficial de inflação, em 6,7% neste ano -- acima do teto da meta, de 6,5%. "O juro real (descontada a inflação) hoje no Brasil é de 5,0% e esse patamar não segura a inflação. Um aumento só deve vir após as eleições", disse.
Sondagens
Se os juros tendem a não atrapalhar ainda mais crescimento neste ano, as expectativas, por seu turno, vão em sentido contrário. Segundo Aloísio Campelo, também da FGV, as sondagens de consumidores, indústria, serviços e construção apontam para uma freada de consumo e investimento, com reflexo no PIB do segundo e terceiro trimestres.
Os economistas da FGV participaram de seminário promovido pelo IBRE (Instituto Brasileiro de Economia), da própria FGV, no Rio de Janeiro.
Fonte: Valor Econômico. 16 de junho de 2014.