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CEPEA - milho

por CEPEA/ESALQ-USP
Segunda-feira, 19 de maio de 2014 -16h50

O mercado de milho teve baixa liquidez no correr de abril, devido à restrição vendedora. Mesmo assim, houve divergências de preços entre as regiões acompanhadas pelo Cepea. No Rio Grande do Sul, onde a colheita, até o encerramento de abril, caminhava para os 20,0% finais e a oferta deve seguir nos mesmos patamares de 2013, os valores se sustentaram no mês. Já em São Paulo, onde a produção em 2013/14 deve se reduzir 27,0%, as cotações caíram no acumulado de abril.


No Rio Grande do Sul, o cereal seguiu valorizado desde o final de 2013. Apesar de a oferta do RS deste ano estar em linha com a de 2013, os estoques locais estão baixos e o estado ainda é importador líquido de milho.


Por outro lado, houve quedas de preços nas regiões paulistas e em parte de Minas Gerais e Goiás, mesmo com a menor oferta. No caso de São Paulo, estimativas do Instituto de Economia Agrícola (IEA) indicam redução de 27,0% na oferta total do estado na temporada 2013/14, para 3,6 milhões de toneladas. A primeira safra deve ser de 2,4 milhões de toneladas (-30,5%) e a segunda, de 1,2 milhão de toneladas (-18,2%). Com isso, São Paulo vai precisar elevar as compras em 28,8%, para 4,9 milhões de toneladas, visando atender a demanda total (interna e para exportação).


E é exatamente esta necessidade de compras de outros estados que está pressionando as cotações em São Paulo, mesmo com a menor oferta interna. Isso ocorre porque as diferenças de preços entre regiões resultam em viabilidade econômica de importação. Por exemplo, os valores da região de Campinas (SP) fecharam, no dia 30 de abril, R$6,66 por saca de 60 kg acima dos preços de Rio Verde (GO), contra uma média nominal de R$5,21/sc observada desde 2004. No caso da comparação com o Triângulo Mineiro, no dia 30 de abril, os preços em Campinas estiveram R$4,17/sc maiores, contra uma média nominal de R$3,17/sc de 60 kg.


Outro aspecto de pressão foi a colheita de primeira safra em andamento nas regiões mineiras. Também houve sinalização de comerciantes negociando milho em Goiás e Mato Grosso para venda para regiões paulistas.


Apesar do bom avanço da colheita de primeira safra atualmente, com produtividade, inclusive, acima da esperada em algumas regiões, o cultivo menor e mais atrasado da segunda safra deve ser decisivo para o segundo semestre deste ano. As exportações também serão importantes neste contexto. Por enquanto, os contratos a termo para embarques do produto no segundo semestre seguem em alta.


Nesta safra de verão, entre os maiores estados produtores, somente o Rio Grande do Sul deve manter a oferta observada em 2012/13 e, em Santa Catarina, a produção deve ser maior. Resultados positivos também são esperados na região Nordeste, puxados pela maior área cultivada e pelo clima bem melhor que há um ano. Porém, as reduções de oferta no Paraná, no Sudeste e no Centro-Oeste, de cerca de 25,0%, pressionam a oferta da primeira safra em termos nacionais. Entre os grandes produtores, as situações mais preocupantes são esperadas em São Paulo e Minas Gerais, que registraram temperaturas elevadas e umidade baixa, especialmente nos dois primeiros meses do ano.


Segundo dados da Conab divulgados em abril, a área da primeira safra no Brasil deve recuar 2,3% frente à temporada anterior, para 6,6 milhões de hectares, e a produtividade, 6,7%, para 4,8 t/ha, o que resultará em oferta de 31,5 milhões de toneladas, queda de 8,9%. Estes dados são menores que os estimados em março.


Para a segunda safra, pressionada pelas áreas menores no Paraná e em Mato Grosso, a área total do país deve ter queda de 2,3% comparativamente à anterior. Enquanto no Paraná a produtividade deve ser 8,2% maior, em Mato Grosso, o rendimento deve cair 11,8%, já que o cultivo neste estado foi realizado em período considerado não ideal. A área da segunda temporada brasileira deve totalizar 8,8 milhões de hectares (-2,3%) e a produtividade, cerca de 5 t/ha (-4,1%), o que resultaria em oferta de 44,0 milhões de toneladas (-6,4%).


Assim, a oferta total (primeira e segunda safras) deve somar 75,5 milhões de toneladas. O consumo interno e as exportações foram mantidas pela Conab em 53,8 e 19,5 milhões de toneladas, respectivamente. Os estoques finais em jan/15 foram estimados em 11,0 milhões de toneladas pela Conab em abril.


Também em abril, o USDA divulgou relatório mensal de oferta e demanda. Em relação aos dados de março, o Departamento ajustou positivamente a estimativa de oferta do Brasil, México, África do Sul, Rússia e Etiópia. Agora, na safra 2013/14, dentre os 16 maiores produtores mundiais de milho, somente Brasil e Argentina devem ter queda na oferta em relação ao período anterior. O total mundial é estimado em 973,9 milhões de toneladas.


Quanto ao consumo, houve ajustes positivos em relação a março para a União Europeia, África do Sul, Argentina e Rússia. O consumo mundial é previsto em 950,3 milhões de toneladas.


Nas importações, houve aumento nos dados da União Europeia, Egito, Irã, Argélia, Vietnã e Chile. As transações mundiais foram previstas em 116,5 milhões de toneladas. Para atender a essas demandas, o USDA prevê exportação recorde da Ucrânia e Rússia e retomada dos embarques dos Estados Unidos, para 45,0 milhões de toneladas na temporada 2013/14.


Ainda há preocupação quanto ao atraso do cultivo de milho norte-americano em relação à média das cinco safras anteriores, o que pode resultar em menor área que a estimada até abril. Esse cenário influenciou os preços externos do cereal. O contrato Maio/14 negociado na CME Group subiu 2,4% em abril, fechando a US$5,1400/bushel (US$202,35/t) no dia 30, enquanto o contrato Jul/14 permaneceu estável, a US$5,19/bushel (US$ 204,32/t). O contrato Set/14 teve alta de 2,2%, a US$5,1325/bushel (US$202,05/t) no dia 30.


No Brasil, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa, referente à região de Campinas (SP), caiu 2,7% em abril, fechando a R$30,49/saca de 60 kg no dia 30. Se considerados os negócios também em Campinas, mas cujos prazos de pagamento são descontados pela taxa de desconto NPR, o preço médio à vista foi de R$29,99/sc de 60 kg no dia 30, queda de 3,1%.


Na média das regiões pesquisadas pelo Cepea, as cotações recebidas pelo produtor (mercado de balcão) cederam 1,0% e, no mercado de lotes (negociações entre empresas), 0,3%.