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Petróleo e grãos

por Fabio Lucheta Isaac
Quinta-feira, 24 de abril de 2008 -09h33
O petróleo chegou a ser negociado no último 22/04 em US$119,90/barril, valor mais alto já negociado da sua história. Estranhamente (ou como já era de se esperar), os grãos verificaram altas no pregão da Bolsa de Chicago no mesmo dia.

É o grão sendo tratado com energia. Milho como etanol e soja como biodiesel acompanham o mercado energético, no caso, a variação no preço do petróleo tem um reflexo nos preços dos grãos.

Mas não se trata apenas disso. De acordo com entrevista veiculada pelo Jornal Valor Econômico, o físico José Goldemberg, que possui currículo memorável no meio científico, defendeu a produção do etanol a partir da cana-de-açúcar brasileira, e provou que contra fatos e dados não há argumentos.

Entre os dados relevantes de sua entrevista, está a proporção da utilização de combustível fóssil e o resultado final, o saldo da “balança energética” de emissão de carbono ao final do processo. A cana-de-açúcar necessita de uma unidade de combustível fóssil para produzir oito de etanol. Já pelo etanol de milho a proporção é quase igual, uma unidade de combustível fóssil para apenas 1,5 de etanol.

Além disso, o cientista replica a questão da utilização da agricultura para produção de combustíveis ao invés de alimentos. No mundo inteiro, dos 1,2 bilhões de hectares destinados a agricultura, apenas 10 milhões são destinados para a produção de energia, ou seja, somente uma fração de 0,83% da área disponível é utilizada para a produção de biocombustíveis.

Esclarecimentos e dados concretos são necessários para que o Brasil se projete nesse importante segmento. Enquanto isso, os produtores podem aproveitar o momento de alta dos grãos para obterem bons preços sobre a sua produção. (JA)