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Os defensivos agrícolas e as dúvidas que os cercam

por Rafael Ribeiro de Lima Filho
Quarta-feira, 16 de abril de 2014 -17h25

É evidente a busca por maiores produtividades em menores áreas e, há quem diga, que sem o uso de defensivos agrícolas metade de nossas florestas teriam se tornado campos de cultivo.


Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), o uso de tecnologias de defesa vegetal evitam perdas nas culturas na ordem de 38,0%.


Recentemente, o Ministério Público Federal (MPF) entrou com duas ações contra a União solicitando a suspensão do registro de nove princípios ativos por serem potencialmente nocivos à saúde e ao meio ambiente. Entre os defensivos agrícolas contestados pelo MPF, alguns são usados em larga escala, como o 2,4-D e o glifosato.


Com exceção do glifosato, todos os outros princípios já estão proibidos na China, nos Estados Unidos e na União Europeia.


Se por um lado os impactos do uso de defensivos abrangem a saúde, o ambiente e seus manipuladores, por outro, pode se dizer, que o mercado de defensivos agrícolas vive uma revolução.


Avanços quanto à redução de toxicidade, doses aplicadas, práticas de manejo integrado de pragas e doenças, técnicas de agricultura de precisão, transgenia e plantio direto foram introduzidos no setor agrícola, além de novas formulações, a descoberta de novos ingredientes, EPI (Equipamento de Proteção Individual) mais seguro e o maior destaque a um manejo que evite a resistência de pragas e doenças.


De acordo com dados da ANDEF (Associação Nacional de Defesa Vegetal), nas últimas décadas as doses de fungicidas recomendadas diminuíram em 87,0%, de herbicidas 88,4% e de inseticidas 93,6%.


Os órgãos brasileiros destinados ao registro de novos produtos, ingredientes e ativos são o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), após as respectivas conclusões agronômicas, ambientais e toxicológicas. Porém, o tempo para essa liberação é considerado um dos gargalos da produção agrícola do país, e pode levar em média sete anos.


Um exemplo, é a demora na liberação de produtos para combater a Helicoverpa armigera que, além dos danos econômicos e na produção, também incentiva o contrabando e o uso indiscriminado de produtos destinados a outras espécies.


De acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (SINDIVEG), a soja, seguida pela cana-de-açúcar, algodão e milho são as culturas que usam as maiores quantidades de defensivos agrícolas.


Os defensivos mais utilizados no país são os herbicidas e os inseticidas. Ainda de acordo com os últimos dados consolidados do SINDIVEG, em 2012, foram vendidos no Brasil 823 mil toneladas de defensivos, o que movimentou um valor de US$9,7 bilhões.


Mesmo com o clima tropical favorável às pragas e doenças, o que exige um manejo mais intensivo, o Brasil emprega na sua produção agrícola cerca de US$88,00/ha de defensivos agrícola, enquanto outros países, como França e Japão, empregam US$197,00/ha e US$851,00/ha, respectivamente (SINDIVEG).


Colaborou Stéphanie Vicente, graduanda em engenharia agronômica e em treinamento pela Scot Consultoria.