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Carne bovina brasileira na UE: os 106 “felizardos”

por Fabio Lucheta Isaac
Quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008 -10h21
Finalmente foi divulgada a primeira lista de propriedades habilitadas a atender à demanda da União Européia (UE) por carne bovina in natura. São 2 no Espírito Santo, 2 em Goiás, 4 no Mato Grosso, 11 no Rio Grande do Sul e 87 em Minas Gerais.

Se considerarmos o abate apenas de animais pesados, entre 17 e 18 arrobas, sendo que apenas 15% da carcaça realmente pode ser direcionada à UE (que compra apenas cortes “nobres”), seria necessário o abate de cerca de 6 a 8 milhões de cabeças para totalizar as 250 – 300 mil toneladas equivalente carcaça que o bloco compra do Brasil anualmente.

Cada fazenda teria que abater, ao ano, de 56,60 a 75,47 mil bovinos. Se o desfrute médio for, por exemplo, de 30%, o rebanho de cada propriedade precisaria ter, aproximadamente, 189 a 252 mil cabeças. É muito gado. Sabe-se que, na média, as fazendas de pecuária de corte, no Brasil, não chegam a ter 2 mil cabeças.

Lógico que é preciso avaliar o real potencial de fornecimento de gado de cada uma dessas fazendas. São grandes? São Pequenas? Têm confinamento? São de ciclo completo, de recria-engorda?

Mas nesse estágio dificilmente será viável, para a indústria, voltar a abater com vistas a exportar para a UE. Qual a pretensão que os exportadores de Goiás podem ter com apenas dois fornecedores?

Essa primeira lista apenas serve de “sinalização” que o processo de retomada das exportações para a UE ao menos se iniciou. O que não deixa de ser positivo. Mas por enquanto, em termos práticos, o embargo ainda está mantido. (FTR)