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Boi gordo x carne no atacado x carne exportada

por Fabio Lucheta Isaac
Quinta-feira, 17 de janeiro de 2008 -10h19
Em função da divulgação dos dados de exportação de dezembro de 2007, é possível fazer o balanço do ano passado, comparando o comportamento dos preços pagos aos produtores, da carne no mercado interno e da carne negociada no mercado internacional. Veja a figura 1.



Entre janeiro e dezembro de 2007, em dólares, o preço do boi gordo em São Paulo subiu 65%, foi a maior alta dentre os três produtos analisados. Já a cotação da carne no atacado paulista, tomando o boi casado como referência, reagiu 56%. O aumento mais comedido foi registrado para a carne in natura exportada: 37%.

Em reais nominais, no mesmo período, a arroba do boi gordo em SP se valorizou em 38%. O boi casado reagiu 30% e a carne in natura exportada “apenas” 14%.

Evidente, portanto, que a margem dos frigoríficos se estreitou, principalmente a dos exportadores. A valorização do boi gordo superou a da carne, notadamente a da carne exportada. Diante desse cenário, e do aumento das restrições por parte da União Européia, alguns exportadores passaram a direcionar, propositadamente, uma maior parte da produção para o mercado doméstico.

Não bastasse a perda de “atratividade” das exportações, a redução da oferta de animais terminados faz com que o Brasil produza menos carne. Dessa forma, a partir de junho do ano passado, os embarques de carne in natura começaram a ceder, como ilustra a tabela 1.



Considerando-se o desempenho das exportações de carne in natura, em volume, entre 1999 e 2006, com base numa análise mês a mês, comparando os resultados de um ano em relação ao anterior, nunca antes haviam sido registradas sete retrações, como em 2007 na comparação com 2006.

Os “recordes”, até então, estavam com 2002 comparados a 2001 e 2006 em relação a 2005 (período em que o Brasil sentiu os reflexos dos casos de aftosa), com quatro retrações cada.

Como em 2008 a tendência é de oferta ainda mais ajustada de animais para abate, o Brasil encontrará dificuldades para quebrar um novo recorde de exportação de carne bovina, pelo menos no que diz respeito ao volume. Principalmente se os preços domésticos da carne bovina se mantiverem em alta. (FTR)