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Carta Conjuntura - A queda dos juros

por Douglas Coelho
Segunda-feira, 10 de dezembro de 2012 -16h57

Em tempos de resultados apertados em diversos setores da economia nacional, muito se ouve falar nos ajustes das taxa de juros. Afinal, o que são e como interferem na economia?


Os juros são o custo de utilização da moeda. 


No Brasil, a taxa básica de juros, chamada Selic, é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) criado pelo Banco Central. 


Esta taxa, dentre outras funções, funciona como um instrumento para conter a inflação, que reduz o poder de compra pela alta dos preços de produtos e serviços.


Com o aumento generalizado de preços, causado geralmente pelo desbalanço entre oferta e demanda, o Copom aumenta a meta da taxa Selic, na tentativa de reduzir o dinheiro em circulação. 


O aumento desta taxa encarece o custo de utilização da moeda, que reflete em menos crédito. 


O efeito da crise sobre os juros


Desde agosto de 2011, quando a Selic estava em 12,5% ao ano, o cenário tem sido o oposto do exemplo citado acima, aconteceram sucessivas reduções. Figura 1.


O atual patamar, de 7,25% ao ano, representa o menor valor desde a criação deste índice.



A crise financeira na Europa, que contaminou a maioria dos países do mundo, é a principal causa destes recuos. 


Na tentativa de estimular o consumo, o governo reduz os juros para que o crédito seja mais atraente. Diante destas taxas de crédito interessantes, como anda o endividamento da população?


De acordo com dados do Serasa Experian, a inadimplência do consumidor brasileiro cresceu 10,1% de agosto do ano passado, quando a Selic começou a cair, até outubro último. 


Historicamente é um dos níveis mais altos já verificados. Figura 2, na próxima página.


A poucos dias do final de 2012, o Boletim Focus, do Banco Central, que divulga estimativas para a economia, reduziu a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012, de 1,50% para 1,27%.


Os dados do PIB do terceiro trimestre, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também não foram animadores. 


Enquanto a maioria dos analistas esperava um crescimento de 1,2%, o resultado foi de 0,6%.


Ao que tudo indica os cortes sucessivos da taxa de juros não têm surtido o efeito esperado.



Conclusão


Mais crédito disponível ao consumidor brasileiro tem se traduzido em um aumento de consumo "sem planejamento" o que gera uma população mais endividada, ou seja, no longo prazo volta a reduzir o poder de consumo.


O estímulo à demanda deve ser acompanhado da criação de empregos, incentivos à iniciativa privada e outros fatores que possam sustentar um crescimento sólido da economia. 


A redução da taxa básica de juros é uma entre as ferramentas que podem colaborar para isto, mas sozinha não passou de uma medida paliativa.