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Carta Leite- A produção de leite no fio da navalha

por Jéssyca Guerra
Quarta-feira, 15 de agosto de 2012 -17h29

O ano começou com preços do leite ao produtor acima dos patamares verificados em 2011. 


E os custos, estavam menores, considerando o preço dos insumos que compõem o Índice Scot de Custo de Produção de Leite.


Em janeiro deste ano o produtor recebeu 10,4% mais que em janeiro de 2011 e os custos de produção estavam 1,7% menores.


Porém, de maio em diante, a situação mudou. 


Considerando o que o produtor recebeu em julho (produção de junho), os preços estão 2,0% menores que há um ano e os custos estão 0,4% maiores. Veja a figura 1.



Mesmo assim, na média de janeiro a julho, os custos ficaram 0,9% maiores em relação a 2011 e os preços aos produtores 4,5% maiores, o que alivia, em certa medida, o cenário dos últimos meses. 


No entanto, este ano os custos subiram desde abril, quando comparados ao mês anterior.


O prolongamento das chuvas este ano está fazendo com que a captação de leite, que deveria estar em queda nesta época do ano no Sudeste e Centro-Oeste, esteja praticamente estável.


Isto, aliado à dificuldade de repasse de preços no atacado, fez com que os preços aos produtores caíssem. 


Em 2011, os preços ao produtor, na média nacional, subiram até o pagamento de setembro. Este ano caíram em junho.


E os insumos?

Quanto aos insumos, os itens que mais estão pesando no aumento dos custos são os concentrados proteicos e os suplementos minerais, com altas respectivas de 27,2% e 15,2% em relação há um ano. 



Uma opção para tentar reduzir os custos é planejar as compras de insumos antecipadamente, optar por substitutos que estejam com preços mais acessíveis e saber quais os produtos com maior disponibilidade na região. 


 


Expectativas de mercado


Por fim, quanto aos preços do leite, o que poderia colaborar no curto prazo seria um aumento da demanda ou uma diminuição na importação de lácteos. Difícil acontecer. O aumento dos custos de produção pressiona por preços maiores aos produtores. A demanda não está reagindo a ponto de mudar este cenário. As importações diminuíram 7,2% em julho em relação a junho (em dólares). 

 


O dólar valorizado em relação ao real colaborou para a redução das importações. Entretanto, a balança comercial de janeiro a julho está negativa em US$298,7 milhões, contra US$262,2 milhões no mesmo período do ano passado.Para o pagamento de agosto, espera-se uma ligeira redução nos preços aos produtores na média nacional. Dentre os pesquisados pela Scot Consultoria apenas 10,0% falam em queda em Minas Gerais, 13,0% em São Paulo e 17,0% em Goiás. 


Na média nacional a queda está sendo puxada pelo Sul do país, onde a produção está em ascensão.


Colaborou Rafael Ribeiro, analista de mercado da Scot Consultoria.