Após fechar o primeiro trimestre do ano com aumento de 7,0% nas entregas o mês de abril seguiu acelerado superando o mesmo mês do ano anterior como poderá ser visto no quadro a seguir.
Uma das culturas que contribui para este desempenho é a cana-de-açúcar que segue no ritmo de recuperação dos canaviais e também com a adubação de cobertura das áreas colhidas.
Com isso, as entregas no estado de São Paulo atingiram 1.177 mil toneladas e foram 16,2% maiores que no ano anterior.
No estado do Mato Grosso, que se mantem na liderança do volume de entregas com 1.341 mil toneladas, o mês de abril já não apresentou aumento comparado com o ano anterior.
Mesmo assim, o volume acumulado no período ainda é 10,9% maior e como foi concentrado nos três primeiros meses, reforça a percepção de que este aumento foi destinado ao plantio de milho safrinha que superou as expectativas iniciais de área plantada.
Com o encerramento da colheita da soja, haverá disponibilidade nas fazendas para o recebimento do fertilizante já adquirido e deve ocorrer um aumento nas quantidades recebidas de fertilizantes, por conta da preparação para a próxima safra. No Mato Grosso estima-se que as compras atingiram mais de 80% da demanda esperada para o ano. Nestas condições e seguindo o que ocorreu em 2011 os próximos meses devem mostrar o recebimento de grandes quantidades mensais e tudo leva a crer que as entregas devem seguir o ritmo do ano anterior, com aumentos seguidamente nas quantidades mensais de entregas de fertilizantes como mostra o gráfico a seguir.
As previsões para o consumo do ano ainda são muito incertas e não se pode apoiar no aumento da quantidade entregue até o momento, mas encontrarmos uma melhor definição das expectativas dos produtores das diferentes culturas, com o algodão apontando para uma redução de área, o milho com a comercialização incerta e com isso indefinição da intenção de plantio da próxima safra e outras culturas como café e laranja com significativo aumento nos custos de fertilizantes e redução na receita.
Importações e mercado internacional
A quantidade de matéria-prima importada de janeiro a abril está abaixo do que seria esperado diante de uma previsão de demanda mais elevada para este ano. Apesar das indústrias contarem com maiores estoques no início do ano, a quantidade importada até agora é baixa atingindo cerca de 4,2 milhões de toneladas, contra 5,7 milhões no mesmo período do ano anterior. Os volumes mensais precisam ser elevados e com isso terão de enfrentar demora na descarga e aumentos de custo com os navios parados a espera de descarga.
Já há informações de que, neste momento, a espera em Paranaguá para a descarga de fertilizantes atinge 40 dias. Este quadro indica que as importações mensais precisam atingir volumes de 2,0 milhões de toneladas para garantir o suprimento necessário para o consumo do país.
Outro aspecto é o aumento dos preços no mercado internacional das matérias-primas nitrogenadas como a ureia e dos fosfatados, MAP e superfosfato triplo, que apontam para preços acima da média dos produtos recebidos até abril. Com isso, os preços praticados no mercado já estão bem acima dos níveis correntes até o mês de abril e ainda são mais elevados diante da valorização do dólar.
Preços no mercado internacional
Nitrogênio
Pelo menos nas ultima semana os preços apontam para uma estabilização e as indicações nos preços de curto prazo já sinalizam redução significativa para a ureia e os outros fertilizantes nitrogenados seguirão se alinhando com a ureia.
Os preços da ureia devem ter atingido seu valor máximo, ultrapassando o nível de setembro/2011 como mostra o gráfico a seguir, mas a tendência indicada pelas ofertas futuras é de que haverá forte redução nos próximos 2 meses.
Fosfatados
Após apresentar um impulso nos preços, pegando carona na demanda de nitrogenados, os fosfatados indicam atingir um patamar de estabilidade e mesmo os preços futuros estão alinhados com estes níveis e por isso podemos contar com um período de preços nos níveis atuais.
Potássio
Seguem no mesmo patamar há bastante tempo e bem superior ao preço praticado no início de 2011 e isso já deveria ser suficiente para agradar os produtores internacionais além de ser bem superior aos preços contratados com a China. Entretanto, como as compras estão se atrasando, qualquer movimento brusco que possa ser interpretado como um aumento da demanda para o Brasil poderá resultar em aumentos de preços e serão bem aproveitados pelos fornecedores.
Portanto, apesar de preços iguais por um longo período, aumentos poderão ocorrer diante da necessidade de importação de grande volume pela frente.
Certamente que o período dos preços mais baixos já passou e agora fica somente a incerteza entre preços maiores ou não.
Relações de troca
Apesar do alto reajuste imposto aos preços dos fertilizantes, as relações de troca com soja se mantiveram quase que no mesmo patamar do mês anterior, graças aos melhores preços oferecidos pelo grão. Infelizmente o mesmo não ocorre com outras culturas cujos preços não aumentaram neste período e até apresentaram queda como café, laranja e milho.
Considerando a relação de troca soja (Cepea - PR) - superfosfato triplo (média desembarcado), a relação de troca é até favorável para a soja. Entretanto, como as compras de fosfatados já são efetuadas sob um novo patamar de preços, possivelmente esta relação de troca vai piorar, ainda que os preços da soja ajudem a recuperar uma parte desta perda.
Com relação ao cloreto de potássio a situação é favorável para a cultura, pois o custo médio das aquisições do fertilizante se reduziu até o mês de abril e o ganho obtido no preço de soja permitiu melhorar a sua capacidade de compra.
Dessa forma, apesar dos fertilizantes apresentarem alta significativa de 8% para o KCl, entre 10 e 14% para as misturas e até 21% para o superfosfato simples, a relação de troca melhorou com relação ao cloreto de potássio e se mantém nos mesmos patamares anteriores para os outros produtos, graças ao melhores preços de soja que obtiveram aumento de 12 a 14% nas diferentes praças do estado de Mato Grosso.
Essa situação não será favorável para outras culturas que no momento apresentam preços menores e terão que suportar a compra de fertilizantes por valores mais elevados.