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Mais tecnologia e investimentos na safra 2011/2012. De onde vem o dinheiro?

por Rafael Ribeiro de Lima Filho
Sexta-feira, 16 de dezembro de 2011 -12h53
Colaboraram: Alcides de Moura Torres Junior, Gustavo Adolpho Maranhão Aguiar e Hyberville Paulo D’Athayde Neto

Apesar das incertezas com relação à economia mundial o agricultor brasileiro está animado com a safra de grãos 2011/2012, em pleno plantio no país.

As áreas com soja, milho e algodão devem aumentar na comparação com a temporada passada (2010/2011). O motivador são os bons preços das commodities agrícolas em geral.

A expectativa da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) é de incremento na área de milho entre 4,4% e 5,9% frente à temporada passada. O aumento deve ocorrer principalmente na safra de verão ou primeira safra.

Para a soja, o crescimento está estimado entre 0,9% e 3,0%. A área com algodão deve aumentar entre 3,5% e 7,7% em 2011/2012.

O interessante é que este crescimento se dará não só em área, mas será acompanhado também do maior uso de tecnologia nas lavouras.

Credito

O agricultor está capitalizado. A safra 2010/11 foi de preços bons e custos menores, mas vamos a alguns indicadores:

Primeiro, o mercado de fertilizantes. Os números da Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA) mostram um volume de 20,5 milhões de toneladas de fertilizantes comercializadas de janeiro a setembro de 2011.

Isto é 23,0% mais adubo que no mesmo período de 2010.

Se as estimativas se confirmarem, o volume de fertilizantes comercializado este ano deve ficar próximo de 26 milhões de toneladas. Recorde!

Outro ponto. Vamos dar uma olhada nas vendas de sementes de milho e soja.

Segundo Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), as vendas de sementes de milho e soja cresceram 7,0% em 2011 na comparação com 2010. A procura por variedades de algodão segue em linha com as demandas da safra anterior.

Cabe destacar que boa parte deste incremento se deu por sementes certificadas e de melhor qualidade.

Isto é reflexo da melhoria de renda dos produtores que, além de uma área de cultivo maior, também apostam em ganhos expressivos por hectare.

Crédito para o financiamento da safra

O Governo Federal disponibilizou, através do Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2011/2012, R$107,2 bilhões para o financiamento da produção agropecuária na atual temporada.

O valor é 7,2% maior que o disponibilizado na temporada 2010/2011. O dinheiro pode ser contratado de julho de 2011 a junho de 2012.

Do disponível para a safra atual, R$80,2 bilhões são para custeio e comercialização dos quais R$64,1 bilhões são ofertados a juros controlados, ou seja, com taxa fixa de 6,75% ao ano.



O aporte maior nesta temporada aconteceu em função do crescimento da safra brasileira e também da expectativa de um custo maior de produção.

Por exemplo, os preços dos fertilizantes e corretivos subiram. Veja na tabela 2 a variação dos preços.



Contratação do crédito rural

A aplicação do crédito rural destinado ao Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), teve a maior taxa de crescimento entre as linhas de crédito do Plano Agrícola.

Nos meses de julho e agosto de 2011 (últimos dados oficiais) o crédito para o programa cresceu 74,8% em relação ao mesmo período de 2010, chegando a R$84 milhões. No mesmo período da safra passada foram liberados R$48 milhões.

Os recursos destinados ao custeio e à comercialização com taxas de juros controladas também tiveram crescimento significativo nos dois primeiro meses de vigência do Plano Agrícola.

Chegou a R$12,3 bilhões, o que representa um crescimento de 5,2% em relação ao mesmo período de 2010.

Em relação ao total dos recursos aplicados nos dois primeiros meses do PAP 2011/2012, quando se considera apenas os financiamentos destinados aos produtores rurais e cooperativas, houve um crescimento de 8,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior.

A movimentação para a contratação do crédito rural nesta safra está maior.

Final

Os números deixam claro o maior investimento na agricultura em 2011/2012 e a busca de melhorias na produtividade para otimização dos resultados.

Isto significa mais dinheiro investido na atividade. O retorno vem através da maior produtividade.

Cabe destacar que apesar da expectativa de bons preços para os grãos em 2011/2012, com certeza será uma safra de custos maiores. Neste caso, o ganho em escala pode ser a diferença entre o resultado positivo ou negativo.