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Brasil e o vôo da galinha

por Reinaldo Cafeo
Segunda-feira, 31 de maio de 2010 -17h17
A expressão “vôo da galinha” se consagrou entre os economistas no sentido de resumir o desempenho da economia brasileira.

A história tem mostrado que, toda vez que o país esboça crescimento econômico acima de 5% a 6% ao ano, este patamar de crescimento não tem sustentação.

Assim, semelhante à galinha, batemos a asa, saímos do chão, mas logo somos obrigados a admitir que não estávamos preparados para alçar vôos altos.

O Brasil convive com um Estado “gastador”. Arrecada como nunca e gasta como sempre. Canalização excessiva de gastos em custeio em detrimento aos gastos em investimentos. A máquina pública fica cada vez mais robusta, sobrando poucos recursos para gerar riqueza ao país.

Sem investimento do setor público, o setor privado se recolhe. Quando o setor privado diminui sua capacidade ociosa, a partir de maior consumo das famílias, a resposta de oferta é mais lenta do que a resposta do excesso de demanda, desequilibrando o mercado, ensejando, por exemplo, o aumento da inflação.

Neste contexto o governo entra como paliativo, pois ataca os sintomas sem combater as causas. Os juros elevados, por exemplo, são “remédios” de uso contínuo para combater a inflação.

Com portos obsoletos, estradas precárias não permitindo o escoamento adequado da produção, falta de armazéns, baixa capacidade de geração e distribuição de energia, custo Brasil nas alturas, enfim, uma série e amarras e gargalos, não é possível pensar em outro vôo que não seja o da galinha.

A tudo isso chamamos de crescimento sem sustentação.

Pode ser o vôo da galinha, o efeito sanfona, dieta inadequada, enfim, utilizem a expressão que desejarem, mas uma coisa é verdadeira: não é possível conviver com esta falta de tendência a longo prazo.

É ruim não crescer, mas é pior crescer e não sustentar, forçando o recuo, para depois voltar a crescer.

Investimentos produtivos somente serão maturados com tendência de crescimento de longo prazo, mesmo que não seja elevado, mas constante.

Uma economia com o potencial da economia brasileira não pode ficar refém de um ciclo vicioso, que alterna crescimento econômico e desaceleração.