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Interpretação dos resultados de sólidos totais

Sexta-feira, 25 de setembro de 2009 -10h30
O leite é composto por 100 mil tipos de moléculas diferentes, o que lhe confere um alto grau de complexidade, pois cada uma destas moléculas apresenta uma função específica, propiciando nutrientes ou proteção imunológica para o neonato.

Contudo, sob o aspecto alimentício para os humanos, o leite assume papel importante na dieta, devido ao alto valor biológico de seus nutrientes (proteínas, lipídeos, glicídios, minerais e vitaminas), além de permitir grande variedade de processamentos industriais de diversos produtos e participar da formulação de outros tantos na alimentação humana.

O LEITE E SUAS CARACTERÍSTICAS

Um litro de leite fornece em média 700 kcal de energia, além de 100% das exigências diárias de cálcio, fósforo e potássio; 37% da exigência de vitamina A; 33% da exigência de vitamina B1; 106% da exigência de vitamina B2; 16% da exigência de vitamina B6 e 129% da exigência de vitamina B12 de uma pessoa adulta.

Considerando a variação da composição do leite, a legislação vigente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) determina valores mínimos de seus componentes, considerando-se leite normal, o produto que apresente:

Teor de gordura mínimo de 3%;

Lactose - mínimo de 4,3%;

Extrato seco total (Soma dos percentuais de gordura, proteínas, lactose e sais minerais) - mínimo de 11,5%;

Extrato seco desengordurado (Extrato seco total menos o teor de gordura) - mínimo de 8,5%;

Proteínas – mínimo de 2,9 g/100ml.

Para atingir os níveis mencionados acima e aumentar os mesmos para que os produtores obtenham maiores vantagens sobre a remuneração pela qualidade nutricional do leite, que varia entre as indústrias do setor, deve-se então, promover a adequada nutrição da vaca leiteira, pois esta afeta significativamente a produção e a proporção dos componentes do leite, sendo que através da dieta a glândula mamária é suprida com os componentes nutricionais do sangue para síntese do produto.

Além disso, vários outros aspectos como o fator racial, o estágio da lactação, a temperatura ambiental e as condições de estresse do animal, a perda excessiva de condição corporal, a estação do ano, a contagem de células somáticas, a mastite, a saúde geral da vaca, a manifestação de cio, a freqüência e a técnica de ordenha, bem como o avanço genético, no sentido de maior volume de produção na lactação, exercem um maior ou menor efeito sobre a composição do leite.

O manejo nutricional adequado pode aumentar a economia de produção e propiciar um rebanho mais saudável. Estratégias de alimentação que otimizam a função do rúmen resultam em maior produção de leite e dos seus componentes.

Dessa forma, a adoção de sistemas de alimentação para aumentar a produção de leite com máximo teor de gordura e de proteína é essencial para se atingir esses objetivos.

MAXIMIZANDO A PRODUÇÃO DE LEITE

1. Controle de mastite com um programa efetivo de manejo.

2. Uso de testes eficientes para análise de forragem para a utilização de programas de balanceamento de rações.

3. Maximizar o consumo de energia proveniente de carboidratos, enquanto se estabelece o atendimento do requerimento mínimo de fibra. O conteúdo mínimo de fibra nas rações de vacas no início de lactação deve ser 18 a 20% de fibra em detergente ácido (FDA), e de 27 a 30% de fibra em detergente neutro (FDN). Aproximadamente 75% do FDN deve ser proveniente da forragem. Esse procedimento assume tamanho de partícula da forragem adequado para garantir 9 a 11 horas de mastigação e ruminação.

4. Rações no início de lactação devem conter 35 a 40% de carboidratos não fibrosos (CNF), a fim de fornecer carboidratos disponíveis para estimular síntese de proteína microbiana.

5. As rações devem ser balanceadas considerando ambos, proteína total e as frações protéicas. Orientações para o início de lactação são de 17% a 18% de proteína na ração. Cerca de 60% a 65% do total da proteína deveria ser de fonte degradável no rúmen (PDR), e 35% a 40% de proteína não degradável (PND), enquanto 30% a 35% refere-se a proteína solúvel de alta degradação ruminal (PSR).

6. Recomenda-se o uso de misturas de fontes protéicas na formulação de rações. Com isso, minimiza-se o não atendimento dos aminoácidos.

7. Considerar os cuidados na adição de gordura, pois tal procedimento pode diminuir os teores de proteína do leite. Contudo, pode-se obter aumento na produção de leite e decrescer o balanço negativo de energia. As respostas na produção de leite e condição corporal são normalmente mais importantes em termos econômicos do que o potencial decréscimo no conteúdo de proteína do leite.

8. Desenvolver estratégias de manejo para maximizar o consumo de matéria seca. Tal fato é de especial importância no início da lactação, permitindo que a vaca minimize as perdas de condição corporal observada após a parição.

9. Avaliar o consumo de matéria seca do rebanho, e dessa forma estar atento as seguintes questões. Quanto de forragem e de grãos as vacas estão realmente consumindo? Os nutrientes consumidos estão suprindo o requerimento das vacas?

Os dados da tabela 1 apresentam o sumário das práticas de alimentação que influenciam a composição do leite. A alimentação correta das vacas em lactação a despeito da complexidade é a maneira de produzir leite com máximo conteúdo de gordura e de proteína.

A implantação de sistemas de pagamento por qualidade, com base nos resultados das análises de gordura, proteína, lactose e/ou de sólidos totais, e da contagem de células somáticas, possibilitará ao país se enquadrar nos padrões internacionais de qualidade, necessários à manutenção e conquista de oportunidades de mercado.

Diante do exposto, seria de grande importância que a adoção do pagamento por sólidos do leite seja utilizada para recompensar aqueles que produzem leite de qualidade a partir de vacas produtivas e melhores com o passar das gerações, e que não seja apenas uma ferramenta para penalizar aqueles que não atingem critérios industriais mínimos e que penalizam a eficiência de transporte de leite pela indústria.