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Para onde vai nossa nau?

por Otaliz
Segunda-feira, 30 de julho de 2007 -15h14
Estava lindo! A festa de abertura dos jogos Pan-americanos encantou o mundo, mostrando a capacidade criativa e a sensibilidade artística do povo brasileiro.

Depois o encontro e o convívio pacífico e saudável entre delegações do mundo inteiro, compartilhando as belas e confortáveis instalações da Vila Olímpica, num ambiente de paz e congraçamento entre diferentes povos. Os jogos e as provas disputados num clima de profissionalismo, pautado por regras e regulamentos pré-estabelecidos e rigorosamente cumpridos pelos atletas. Há muito tempo não se sentia prazer tão grande ao ligar a TV.

A cobertura dos jogos pan-americanos restringiu sobremaneira o espaço dos noticiários, até então integralmente ocupados pelos sucessivos escândalos patrocinados pelos políticos que humilham e envergonham a nossa nação. Tudo ia muito bem até que...

Até que a tragédia do avião da TAM interrompeu de forma violenta os nossos momentos de encantamento e abruptamente nos remeteu para a dolorosa realidade do nosso país. Realidade esta eivada de irresponsabilidades, amadorismos, falta de ética e corrupção. Não se trata de acidente, mas sim de uma tragédia prevista. No meu conceito, acidente é um evento casual, imprevisto, e de imprevisibilidade este trágico evento não teve nada. Muito antes pelo contrário, as probabilidades de que viesse acontecer eram enormes.

Voltamos então à nossa triste realidade. Sinceramente me preocupa muito o futuro deste país. Estamos perdendo a noção de valores. Corrupção, falta de ética, imoralidade, impunidade, escárnio, criminalidade, etc..etc.., fazem parte da nossa rotina e já não surpreendem mais ninguém!

Os mais altos escalões da república estão impregnados com essa podridão, incluindo-se o poder legislativo (câmara e senado), poder executivo, e, pasmem, o poder judiciário! A partir daí, com uma impressionante capilaridade, essa podridão vai se incrustando nos mais diferentes segmentos da sociedade, atingindo órgãos públicos e privados numa torrente incontrolável.

É incontestável – a “malandragem” está definitivamente incorporada à cultura nacional. Por aí se explicam práticas comerciais escusas, monopólios e concentração da renda nacional.

Nesse ambiente atuam, impunemente, empreiteiras que dilapidam o patrimônio nacional, bancos que praticam agiotagem escancarada, escolas que não educam, faculdades fantasmas, polícia que não merece confiança, justiça que não pune, a violência, a criminalidade e a insegurança assumindo proporções assustadoras. O quadro é desalentador.

Sei que não é objetivo desta coluna comentar assuntos diversos daqueles ligados ao agronegócio e, mais particularmente, à cadeia do leite. Perdoem-me os leitores, mas não consegui me fixar em outro tema. Fico a pensar: que país entregaremos para as próximas gerações?



Otaliz de Vargas Montardo é médico veterinário e instrutor do Senar – RS