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Integração lavoura-pecuária

por Andrea Brasil Vieira José
Segunda-feira, 17 de dezembro de 2007 -13h08
O cenário agropecuário está pedindo mudanças urgentemente. A agricultura não atingindo seu potencial, devido à monocultura, além do risco da atividade principalmente na hora de comercialização dos produtos. A monocultura, plantio consecutivo da mesma cultura por vários anos seguidos, causa resistência a pragas, doenças e plantas daninhas, aumentando o custo da lavoura e reduzindo sua produção. A pecuária vive uma fase de melhoras no preço da arroba, e por outro lado, um péssimo momento devido à falta e, conseqüentemente, a alta nos preços de animais para reposição. Em relação aos pastos, a maioria se encontra degradado, e por isso suportando baixa lotação.

Nas áreas com pastagem degradada, segundo Kluthcouski et al. (2000), estimam-se perdas anuais superiores a US$1 bilhão devido à redução, em média, de aproximadamente 270 g de peso vivo (PV) por animal por dia e à morte de bovinos no período seco, além dos baixos índices zootécnicos observados ainda hoje em relação àqueles que deveriam ser obtidos com a tecnologia disponível. O desempenho das lavouras, na média, também não foge à regra, já que a produção é duas a três vezes menor que aquela que poderia ser obtida com a utilização de tecnologias mais adequadas (IBGE, 2005).

A oferta futura de alimentos para a crescente demanda populacional será em função dos ganhos em produtividade ou ocupação/recuperação das áreas agrícolas, virgens ou degradadas, nas regiões tropicais.

A Integração Lavoura Pecuária (ILP) é um sistema de produção que integra agricultura com pecuária de forma mais econômica e lucrativa e ao mesmo tempo conservacionista, devido à melhoria na qualidade do solo (aumento do teor de matéria orgânica e maior disponibilidade dos nutrientes do solo) e à existência de palhada (retém maior umidade no solo). Trata-se de um sistema sustentável. Dentro desse conceito as áreas de lavouras dão suporte à pecuária por meio da produção de alimento para o animal, seja na forma de grãos, silagem e/ou feno, ou na forma de pastejo direto. Sua utilização resulta no aumento da capacidade de suporte da propriedade, permitindo a venda de animais na entressafra e proporcionando melhor distribuição de receita durante o ano.

O sistema integra as duas atividades com o objetivo de maximizar racionalmente o uso dos fatores: terra, infra-estrutura e mão-de-obra, diversificando e verticalizando a produção, minimizando custos, diluindo riscos e agregando valores aos produtos agropecuários, através dos recursos e benefícios que uma atividade proporciona à outra.

O sistema de integração lavoura pecuária está voltado, principalmente, para áreas de pastagens ou solos degradados e áreas de lavoura com problemas de produtividade e sustentabilidade em decorrência de monoculturas, qualquer que seja a escala de produção ou o tamanho da propriedade, observando-se as realidades sócio-econômicas e ambientais da região.

A adoção desse sistema pode resultar em significativos ganhos, dentre os quais podem ser mencionados os seguintes:

- melhoria da produtividade e da qualidade das atuais áreas de pastagens ou de lavouras degradadas, mediante a adoção de métodos, técnicas e procedimentos de Boas Práticas Agrícolas;
- aumento e diversificação da oferta de alimentos de alta qualidade;
- otimização do uso do maquinário;
- obtenção de uma safra a mais por ano (grãos e carne);
- renovação ou recuperação das pastagens com a implantação de espécies mais produtivas;
- aumento da matéria orgânica no solo, devido à grande produção de raízes e folhas.

Apesar de todas as possíveis vantagens do sistema de integração lavoura-pecuária, existem algumas implicações que devem ser levadas em consideração, como:

- a escolha de combinações de culturas e pastagens ligadas aos interesses dos sistemas de produção em uso;
- o detalhamento de práticas agrícolas de manejo das culturas e animais;
- o aumento de complexidade do sistema, exigindo maior preparo dos técnicos e produtores envolvidos no sistema e a aceitação da atividade pecuária por agricultores tradicionais e vice e versa.



Carina Mendes – engenheira agrônoma pela Esalq/USP. Técnica da Boviplan Consultoria, na área de desenvolvimento de projetos e controle de qualidade de alimentos para nutrição animal.

Acadêmica de Engenharia Agronômica Daniele do Carmo Balestrin