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Arroba do boi recua por pressão de oferta e consumo moderado

por Equipe Scot Consultoria
Segunda-feira, 22 de agosto de 2011 -17h20
O aumento da oferta de animais e um consumo mais moderado nesta segunda quinzena do mês contribuíram para pressionar as cotações da arroba do boi gordo no mercado interno, mas analistas avaliam que o recuo deve ser momentâneo e os preços devem voltar a subir no próximo mês em meio à entressafra.

O mercado de carne bovina está na entressafra, quando os preços costumam ficar mais firmes, uma vez que o clima seco afeta pastagens e reduz a disponibilidade de animais para abate. Contudo, neste mês os preços cederam e as ofertas pela arroba ficaram abaixo de R$100 no mercado à vista.

”Vemos uma pressão de baixa, com mais oferta (de boi para abate). Quase não se vê ofertas a R$ 100. Agora é preciso monitorar o mercado para ver quanto tempo isso vai durar”, disse Alex Lopes da Silva, analista da Scot Consultoria.

Ele observou que desde o final de julho, os preços da arroba no mercado à vista oscilavam próximo de R$102, mas a oferta de animais que haviam sido confinados ajudou a pressionar o mercado.

Este incremento do número de animais disponíveis vem permitindo que os frigoríficos agora trabalhem com escalas de abate mais longas, tendo oferta suficiente para cobrir até cinco dias de operações, contra uma média anterior de dois ou três dias.”Para um ano de pouca oferta, é uma escala considerável”, acrescentou Silva.

Oferta maior é limitada

Para a pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) Shirley Martins Menezes, esta oferta maior é pontual e limitada a algumas praças. Acompanhamento do Cepea indica que as escalas de abate estão maiores em Mato Grosso, Goiás e São Paulo, por conta desta oferta maior.

Embora o indicador da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que apresenta o valor médio ponderado do boi gordo no Estado de São Paulo, ainda tenha fechado a sexta-feira ligeiramente acima de R$100, a queda ao longo da última semana foi de 0,6%.

Neste cenário de escalas mais amplas, diz a pesquisadora, o comprador tende a se afastar do mercado na expectativa de comprar o boi gordo a preços mais baixos em seu retorno. A pesquisadora observou que além de um consumo mais lento neste período, os frigoríficos enfrentam dificuldades para repassar o custo maior de produção aos varejistas.

”Podemos estar vendo também uma indústria mais recuada, com dificuldade para vender (a carne) por conta de uma demanda (no varejo) também retraída”, observou Shirley. O analista da corretora Pasturas, Fernando Penteado, lembrou que esta demanda mais fraca também é fruto de um recuo típico da segunda quinzena do mês, depois que os trabalhadores já comprometeram parte substancial de sua renda no mês.

”A pressão é normal, mas assustou o mercado”, disse. Acompanhamento da Pasturas indicou ofertas pela arroba em até R$96 no interior de São Paulo na última sexta-feira. Segundo ele, estes animais que chegam para o abate são das próprias indústrias, que prevendo o aperto de oferta neste período optaram confinar o boi magro por cerca de 60 a 90 dias atrás.

Contudo, trata-se de um volume limitado. “É uma janela de pressão maior, mas a (sustentação da) entressafra deve retomar já na próxima semana ou começo do próximo mês’, avaliou Penteado.

Fonte: Reuters. 22 de agosto de 2011.