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Preço da arroba estimula pecuaristas

por Equipe Scot Consultoria
Domingo, 20 de fevereiro de 2011 -17h50
O produtor está elevando a produtividade por área e investindo mais em tecnologia genética, na inseminação artificial e na recuperação de pastagens.

Depois da crise de preços no período de 2004 a 2007, a valorização da arroba do boi, de 40% em 2010, vem estimulando o setor pecuário a recompor o rebanho. Os anos de preços do boi em queda levaram produtores a abater matrizes, o que impactou na oferta de carne nos anos seguintes e até hoje sustenta os preços do produto. O produtor está elevando a produtividade por área e investindo mais em tecnologia genética, na inseminação artificial e na recuperação de pastagens.

Contudo, essas práticas demandam financiamento ou capital próprio nem sempre disponível. Além disso, a pecuária tem um ciclo de desenvolvimento de até três anos e, por isso, especialistas acreditam que a oferta - considerando apenas a demanda atual - se normalizará somente em 2014. Vale lembrar que a recomposição do rebanho depende que as cotações do boi sigam remuneradoras. No país, é usual a prática de se abater fêmeas, mas ela foi intensificada no período de 2005 e 2006, em Mato Grosso, por conta da crise de preços.

Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em fevereiro de 2006 o percentual de abate de fêmeas chegou a 49%, passando a 47% nos 2 meses seguintes. Em setembro do ano passado, o número já caía, conforme o dado mais recente do IBGE: as fêmeas abatidas representavam 33% do total, praticamente o mesmo nível de janeiro de 1999 (32%).

Sob a ótica da oferta e demanda, de acordo com números da consultoria MB Agro, a produção não está sendo suficiente para atender a demanda pela proteína, que deverá continuar crescendo por conta do aumento de renda da população brasileira e da mundial. Em 2010, por exemplo, a produção de carne bovina foi de 8,940 milhões de toneladas equivalente carcaça, ante exportações de 1,634 milhão de toneladas e consumo interno de 7,346 milhões de toneladas.

O consumo per capita cresceu de 35,6 quilos em 2009 para 38 quilos em 2010. Para 2011, a consultoria prevê produção de 9,298 milhões de toneladas, sendo 1,667 milhão de toneladas destinadas à exportação e, 7,671 milhões de toneladas, para consumo doméstico. O consumo per capita deverá passar a 39,3 quilos. O processo de recuperação do rebanho no país teve início em 2008, prosseguiu em 2009 e alcançou seu auge no ano passado.

A prática ganhou força no final de 2010, com o registro de preço recorde da arroba do boi atingido em novembro R$117,18 arroba à vista em São Paulo no dia 11, segundo o indicador Esalq/BM&FBovespa, apurado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Conforme o IBGE, no terceiro trimestre de 2010 o abate de bovinos recuou 2,5% ante o segundo trimestre, com destaque para a redução de 10,9% do abate de vacas.

A manutenção das cotações no patamar de R$100/arroba animou os pecuaristas a investirem mais. “Com a arroba a R$100, o pecuarista recuperou tudo o que a inflação (tendo como base o IGP-DI) corroeu nesses últimos anos”, diz o engenheiro agrônomo e diretor-presidente da Scot Consultoria, Alcides Torres.

Fonte: Diário de Cuiabá. 20 de fevereiro de 2011.