Em função das pressões internacionais, o governo chinês anunciou o fim do regime de câmbio fixo vinculado ao dólar, que vigorou na última década.
Na verdade, o câmbio continuará a ser administrado. Entretanto terá maior flexibilidade. A cotação passará a ser definida com base em uma cesta de moedas, cuja composição não foi informada pelo Banco Popular da China. De todo forma, ontem o yuan já havia se valorizado em 2,1% sobre o dólar.
O yuan super-desvalorizado conferia vantagens extremamente significativas à China frente ao mercado internacional. Vantagens estas que alguns países classificam como injustas.
É verdade que a mudança ainda é muito tímida. As pressões internacionais devem se intensificar no sentido de novas desvalorizações do yuan. Um yuan mais forte aumentaria o poder de compra dos importadores chineses, o que seria extremamente benéfico aos exportadores de commodities, que é o caso do Brasil.
Ajudaria também na outra ponta, reduzindo a competitividade dos exportadores chineses. Os calçadistas brasileiros, por exemplo, sofrem com a concorrência chinesa, que chega a colocar no mercado, calçados tipo conga a US$1,14 o par, ao passo que os nacionais custam, no mínimo US$4,50.
Os problemas enfrentados pelos produtores nacionais de calçados têm influenciado negativamente as cotações do couro. Em São Paulo, por exemplo, em reais corrigidos pelo IGP-DI, a cotação média do couro verde caiu 59% de julho de 2004 a julho deste ano. (FTR)