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Apesar da baixa oferta, arroba do boi cai até 6,4% neste mês

por Equipe Scot Consultoria
Segunda-feira, 8 de dezembro de 2008 -14h54
Até então imune aos efeitos da crise mundial - que derrubou a cotação das commodities agrícolas - os preços do boi começaram a arrefecer, pressionados pela saída dos frigoríficos das compras. Em cinco dias (de 1 a 5 de dezembro) o valor da arroba chegou a recuar mais de 6% em algumas praças. Mas a piora do cenário da pecuária não se limita aos preços pagos ao produtor. O deságio na arroba feito pelos frigoríficos que pagam à vista mais que duplicou no último mês. De até 3%, o deságio avançou para 7%.

O preço da arroba do boi começou a dar sinais de queda em novembro, mas com pequeno recuo, de cerca de R$1,00 na maioria das regiões do País, pesquisadas pela Scot Consultoria. Foi em dezembro que a cotação caiu com força. Em São Paulo (Barretos) a variação desde o dia 1 foi de queda de 3,3%, de R$89,00 a arroba para R$86,00. Em Mato Grosso do Sul (Três Lagoas), o recuo foi de 5,8% no período - de R$85,00 para R$80,00. O maior recuo foi percebido identificado em Tocantins, de 6,4% - de R$78,00 para R$73,00. Além disso, há o aumento do desconto no preço do boi para o pecuarista que recebe à vista pelo animal, que aumentou do patamar de 2% a 3% para 7%. “Os custos vêm aumentando e tem muito pecuarista fechando a conta apertado. Se a situação continuar nesse nível, vai afetar investimentos na expansão do rebanho e os frigoríficos, que pintam um quadro de insegurança neste momento, terão no ano que vem pior condição de oferta de animais”, avalia Alcides Torres, analista de mercado da Scot.

Marcos Reinach, que cria em torno de 4 mil cabeças de boi em Aparecida do Taboado (MS), diz que ainda não alterou seus planos de reposição do rebanho, mas que “foram colocados em observação”. Ele conta que parou de comprar animais de reposição na semana passada e, prosseguir daqui em diante vai depender de como os preços vão se comportar. “Há várias categorias de animais de reposição. O preço hoje varia entre R$95,00 e R$100,00, o que não dá para fechar a conta com a arroba nos preços atuais - em torno de R$80,00. O ideal é que o animal de reposição custe até 10%, no máximo, 15% mais do que do valor boi gordo”, calcula Reinach.

Até agora, ele comprou cerca de 70% de gado para reposição prevista e vai aguardar mais um pouco para fazer o restante. “Acho que o preço do animal de reposição vai cair, junto com o do boi gordo. O motivo será a queda na demanda”, avalia.

Mas a pressão sob os preços do boi gordo não vão se manter por muito tempo, na análise de
Torres, da Scot. “Os fundamentos, oferta e demanda, são altistas, pois há pouca oferta. Se não fosse a crise nos Estados Unidos, a arroba em São Paulo, hoje em R$86,00, estaria em R$100,00”, diz Torres.

O menor nível de abate dos frigoríficos é reflexo do baixo desempenho das exportações em outubro e novembro que inchou o mercado interno. O preço da carne, que historicamente sobe na primeira semana de cada mês, em dezembro teve queda atípica no atacado de São Paulo. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), o quilo da carcaça casada do boi caiu 1,5% na primeira semana de dezembro, percentual que na mesma semana de novembro, subiu 3,37%.

Fonte: Gazeta Mercantil. Agronegócio. Por Fabiana Batista. 8 de dezembro de 2008.