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Após ajustes, Mercosul prevê avanço

por Fabio Lucheta Isaac
Segunda-feira, 27 de outubro de 2008 -09h03
Afetado pela crise de escassez de bovinos antes dos frigoríficos do Centro-Oeste, Sudeste e Norte do país, o gaúcho Mercosul começou a fazer ajustes já no início deste ano, que incluíram o fechamento de uma planta e o corte de funcionários. As medidas foram duras, mas com a retomada gradual dos volumes de abates nas fábricas do Rio Grande do Sul e o início de operações em duas novas unidades ao longo do ano, a empresa, que tem a participação de 37,8% de um fundo administrado pelo AIG, espera faturar 35% mais em 2008, alcançando uma receita de R$1 bilhão, de acordo com seu presidente, Mauro Pilz.

Os ajustes, que levaram o Mercosul a reduzir de 6 mil para 4 mil o número de funcionários em suas fábricas e a fechar a unidade de Naviraí (MS), foram feitos após um estudo em conjunto com a Scot Consultoria para saber a real situação do rebanho em cada região do país. Segundo Pilz, o estudo indicou que a recomposição do rebanho levaria mais de 12 meses, “voltando ao normal” em 2009.

Em 2007, explicou Pilz, as cinco unidades do Rio Grande do Sul operaram bem abaixo da capacidade por falta de bovinos, e hoje estão com 60% de ocupação. Além desse Estado, a empresa também tem fábricas no Paraná (duas), e duas que entraram em operação este ano - em Rondonópolis (MT), que é arrendada, e outra em Pirinópolis (GO). A de Naviraí foi fechada pela baixa rentabilidade. No começo de 2009, a empresa coloca em operação uma nova unidade em Tucumã, no Pará, que, pelos planos iniciais, deveria ter entrado em operação em setembro último.

Com a esperada recomposição do rebanho, o presidente do Mercosul também quer retomar o número de 6 mil funcionários em 2009. “Esse é o tamanho que precisamos ter”. A expectativa também é de ampliar os abates ano que vem, em 50%. A capacidade do Mercosul é de 8 mil animais por dia nas 10 unidades (Tucumã incluída), mas a empresa vem abatendo apenas 50% disso.

“Estamos preparados para o crescimento”, diz Mauro Pilz, que acredita que a crise de crédito pode fazer recursos migrarem para o setor de bens de consumo. Com 40% da receita do Mercosul proveniente de exportações, Pilz espera ampliar as vendas nos mercados interno e externo em 2009.

Por enquanto a empresa não anunciou, em virtude da escassez de animais no país ou da pressão de importadores pela redução dos preços, férias coletivas em suas unidades. Na sexta-feira, o JBS/Friboi confirmou que tem três de suas 23 unidades em férias coletivas. Uma planta do Minerva está na mesma situação.

Fonte: Valor Econômico. Agronegócios. Por Alda do Amaral Rocha, colaborou Fernando Lopes. 27 de outubro de 2008.