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Em dólar, arroba do boi no Brasil só subiu menos que no Uruguai

por Equipe Scot Consultoria
Sexta-feira, 22 de agosto de 2008 -10h40
O boi do Brasil foi, entre os principais países produtores, um dos que mais se valorizaram este ano. Subiu 36% em dólar, de janeiro até agosto, e ficou atrás apenas do Uruguai, onde a arroba do boi teve alta de 76% em dólar, conforme levantamento da Scot Consultoria. No Brasil, o preço saiu de US$41,46, em média, em janeiro, para US$56,38, média parcial de agosto. No Uruguai, a arroba custava US$32,10 em janeiro e alcançou US$56,56 este mês. No Paraguai, a alta foi de 22% e na Argentina, de 8%, de janeiro a agosto.

No Brasil, o boi vem registrando preços firmes desde meados de 2006, reflexo da mudança de ciclo da pecuária de corte após forte abate de matrizes. Além disso, segundo Fabiano Tito Rosa, analista da Scot, os preços da arroba subiram em dólar também por conta da desvalorização da moeda americana ante o real, que foi de 10% entre janeiro e agora.

A demanda mundial que esteve aquecida até o primeiro semestre deste ano também explica a valorização da arroba aqui e em outros países produtores. Isso ocorreu num momento em que alguns países tiveram restrição de oferta, o que também contribuiu para o aumento dos preços, acrescentou o analista. “A produção está em queda na Europa e na Austrália, e os Estados Unidos estão abatendo matrizes”, comentou.



No Uruguai, onde a arroba teve a maior alta, as restrições à importação de carne bovina in natura do Brasil impostas pela União Européia e pelo Chile contribuíram para a valorização do boi, segundo a Scot. Como o Brasil não pode exportar, os frigoríficos nacionais com unidades no Uruguai - como Marfrig e Bertin - passaram a vender a esses destinos a partir das plantas do país vizinho. Mas essa não é única razão: “O Uruguai não tem para onde expandir (o rebanho), e os frigoríficos ampliaram a capacidade de abate”, afirmou o analista da Scot Consultoria.

Tito Rosa avalia que o movimento de alta do boi perdeu força, o que, com o dólar mais firme, ajuda os preços a se estabilizarem em dólares no Brasil. Isso é positivo, disse, na medida em que aumenta a diferença entre os preços aqui e nos EUA. “O preço do boi no Brasil estava muito perto do preço nos Estados Unidos, o que tira a nossa competitividade”, afirmou.

Para o analista, por “pelo menos mais um ano” o mercado de boi deve seguir firme no país, com a arroba subindo mais do que a inflação. Ontem, a arroba estava em R$92,00 em São Paulo. “A alta mais forte já foi”, disse Tito Rosa. Ele observou que a oferta de bovinos ainda continua ajustada no país, no entanto, a demanda também perdeu força, o que já se reflete nos preços no mercado interno e nas vendas ao exterior, que recuam.

Fonte: Valor Econômico. Agronegócios. Por Alda do Amaral Rocha. 22 de agosto de 2008.