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Pecuaristas e frigoríficos discutem divergências no preço da arroba de boi no ES

por Equipe Scot Consultoria
Sexta-feira, 18 de julho de 2008 -09h15
O Ministério Público Estadual se reunirá nesta sexta-feira (18) com criadores e frigoríficos na busca por um acordo para as divergências sobre a cotação da carne bovina no Espírito Santo. A audiência acontece às 9 horas, na sede da Promotoria de Justiça Cível de Vila Velha, atendendo ao pedido de representação da Federação da Agricultura e Pecuária do ES (Faes) e Associação Capixaba de Criadores de Nelore (ACCN).

As Instituições solicitam ao MPES a investigação das práticas que levam a baixa remuneração paga pela arroba da carne bovina produzida no Estado. Eles acusam os frigoríficos de pagarem valor inferior ao comercializado nacionalmente pela arroba do boi. Em contrapartida, o consumidor do estado paga preços superiores ou semelhantes pelas carnes adquiridas no varejo.

Com isso, as entidades notificaram as entidades representativas do setor agropecuário, pecuaristas e integrantes da cadeia produtiva da carne, entre eles todos os frigoríficos do estado, a tentarem um acordo para o conflito de consumo.
A cotação da arroba do boi para o pecuarista capixaba é a mais baixa do Brasil. De acordo com o secretário executivo da Faes, Altanor Lobo Diniz, a carne bovina vendida no estado é 20% inferior ao que resto do país. E que os valores repassados ao consumidor muitas vezes é superior ao de outros Estados.

“Fizemos um levantamento do comércio de carnes bovinas nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro e constamos que há uma diferença muito grande com o que é praticado aqui no Espírito Santo. Queremos que o MPES investigue essa situação. Os valores comercializados em supermercados e açougues de outras localidades são inferiores ou similares aos realizados no estado. Essa diferença vai parar nos atravessadores”, disse.

A notificação assinada pelo promotor de justiça Sant´Clair do Nascimento Júnior tem como objeto a proteção e defesa dos direitos do consumidor diante os métodos comerciais desleais, tais como a prática de preços abusivos no fornecimento de carnes.

Além disso, a Faes e a ACCN solicitam regime especial de fiscalização nos frigoríficos e nas fronteiras do estado; maior controle sanitário nos frigoríficos; adoção de critérios para a limpeza das carcaças e aferição das balanças dos abatedouros; e criação e utilização de uma tabela de custos de produção.

“Trabalhamos com produtos de alta qualidade e queremos que sejam adotadas medidas que aumente a fiscalização. O valor gasto para a criação de gado é alto e quando vamos vender o preço não compensa. Com a criação da tabela de preços o consumidor também sairá ganhando”, concluiu.

Entenda o caso - No início de junho o produtor de carne capixaba recebia 24% a menos pela arroba do gado, em comparação aos valores comercializados nacionalmente. Enquanto no ES se pagava R$62,00 pela arroba, em outros estados o valor médio era de R$82,00. A Faes e a ACCN deram inicio a uma mobilização buscando a valorização da carne produzida no estado, indicando os possíveis responsáveis pela diferença e reivindicando ações para mudar esse quadro.

Após um mês de discussões o valor pago aos pecuaristas sofreu reajuste de, em média, 20%. Mesmo assim, o crescimento não foi suficiente para acompanhar a média nacional, que nos últimos 12 meses foi de 49%, segundo a Scot Consultoria.
"A exposição da situação e pressão feitas por nossos pecuaristas resultaram em um imediato aumento nos valores negociados no Espírito Santo, o que evidencia a utilização de práticas duvidosas. Apesar da valorização, nosso produto ainda sofre deságio de pelo menos 17% sobre a média nacional", explica Júlio Rocha, presidente da Federação da Agricultura.

Perdas - Os prejuízos dos criadores capixabas não ficam somente no valor pago pela arroba e se acumulam. Isso porque, além de não acompanharem as altas nacionais nos preços dos animais, os produtores depreendem cada vez mais custos de produção, que sofreram altas significativas nos últimos meses, subindo de fevereiro para março foi 8,57% e acumulando no ano 13,13%, segundo dados do Cepea.

A Faes e a ACCN entregaram representação a Procuradoria Geral de Justiça, secretarias estaduais da Agricultura, da Fazenda e de Desenvolvimento, além da Comissão da Agricultura da Assembléia Legislativa, solicitando regime especial de fiscalização nos frigoríficos e nas fronteiras do estado, maior controle sanitário nos frigoríficos, adoção de critérios para a limpeza das carcaças e aferição das balanças dos abatedouros, e criação e utilização de uma tabela de custos de produção.

Fonte: Jornal ESHoje. Economia. Por Patrícia Arruda. 17 de julho de 2008.