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Boi: expectativa é de alta de preços no segundo semestre

por Equipe Scot Consultoria
Terça-feira, 3 de junho de 2008 -16h51
Os preços da carne bovina, que acumulam alta de 31,8% no primeiro semestre, devem manter tendência ascendente na segunda metade do ano. Apenas no mês de maio, as cotações da carne bovina tiveram valorização de 9,5%. Segundo levantamento do Centro de Pesquisas Avançadas em Economia Aplicada (Cepea), o quilo do corte traseiro bovino no mercado paulista foi cotado a R$5,53 em maio, bem acima dos R$4,20 registrados no mesmo mês do ano passado. Apenas na semana passada os preços registraram alta de 4,8%.

Os levantamentos de algumas consultorias mostram que estoques no varejo estão reduzidos e que, por isso, as grandes redes devem entrar no mercado comprando carne a qualquer momento, o que permitiria aos atacadistas o repasse das fortes altas de preços do boi gordo registradas desde o fim do ano passado.

O preço da arroba do boi está subindo em pleno pico da safra, época em que normalmente a oferta de gado para abate é maior e, teoricamente, os preços deveriam recuar aos níveis mais baixos do ano. O atual valor de R$84,77 está 52,9% superior ao registrado em igual período do ano passado e reflete a escassez de animais prontos para abate. Outros fatores também pressionam os preços, como a elevação do custo da ração (provocado pela alta de preços dos grãos) e aumento das cotações do petróleo e do bezerro para reposição.

Na avaliação do analista Fabiano Tito Rosa, da Scot Consultoria, a valorização do boi em pleno período de safra é um sinal de que as cotações podem subir ainda mais durante a entressafra e superar os R$90,00 a arroba em outubro. “A tendência dos preços é de continuar subindo nos próximos meses. As cotações têm mais chance de ficar acima dos R$90 do que abaixo desse valor até o fim do ano”, afirma Tito Rosa.

Segundo o analista, a carne com osso no atacado já tem acompanhado a alta da matéria-prima e que isso será repassado ao consumidor final. “Caso o varejo perceba uma queda no consumo, o segmento tem como reduzir um pouco seus lucros, pois detém a maior margem de toda a cadeia, levando em consideração o preço de compra e de venda”, explica Tito Rosa, ao lembrar que as margens do varejo variam entre 60% e 70%.

Um dos fatores que poderia limitar o consumo de carne bovina é o preço do frango, principal substituto da carne bovina. Historicamente, quando os preços da carne vermelha ficam cerca de R$3,00 acima do valor do frango resfriado, há uma migração de um produto para o outro. Neste ano, no entanto, os analistas não sabem dizer se os elevados preços irão recuar com a migração da demanda para o frango ou se puxarão os preços das aves para níveis mais elevados, já que o mercado do boi está muito firme e com baixa oferta de animais.

Por enquanto, os preços da carne de frango estão 16,8% maiores do que os registrado no mesmo período do ano passado. O quilo do frango resfriado no mercado paulista registrou um preço médio em maio de R$2,55, ante os R$2,18 observados em maio de 2007. Apenas no mês passado, as cotações subiram 9,75%, mas recuaram 1,15% na última semana de maio.

O diferencial de preços entre as duas variedades de carne já está acima dos R$3,00, nível em que começam a ocorrer as substituições no mercado das carnes. A expectativa é de que os preços da carne recuem nos próximos meses em virtude da queda na demanda com a migração do consumo para o frango ou os preços da carne de frango subam e reduzam a diferença em relação à carne bovina.

Fonte: Agência Estado. Por Alexandre Inácio. 3 de junho de 2008.