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Pratini de Moraes deixa Abiec para assessorar o JBS/Friboi

por Equipe Scot Consultoria
Segunda-feira, 17 de março de 2008 -12h03
A maior empresa frigorífica do mundo - o JBS/Friboi - terá em seus quadros o ex-presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), Marcus Vinicius Pratini de Moraes. O ex-ministro, que era membro do Conselho de Administração do grupo desde o ano passado, anunciou ontem a saída da associação. Ele permanece no cargo até o final do mês, quando a Abiec deve escolher seu sucessor.

Para analistas, Pratini de Moraes ajudará o JBS que hoje, entre as de alimentos, perde apenas para a Tyson Foods em faturamento. Consideram também difícil a associação conseguir "alguém à altura". A saída de Pratini de Moraes da Abiec estava sendo discutida desde o final de 2007. Mas, a crise com a União Européia - que embargou a carne brasileira no final de janeiro até o último dia 25 - adiou os planos do Friboi. "Eu segui um ditado que aprendi com meu pai: não se muda a junta do boi no meio da correnteza", disse. Com o fim do embargo, segundo ele, não precisava ficar mais na Abiec. Sua gestão marcou a profissionalização da instituição que, até 2003, tinha na presidência membros dos frigoríficos.

Pratini de Moraes explica que será um conselheiro do grupo. "Minha tarefa principal será a consolidação do programa de internacionalização", diz. Segundo ele, será implantar mecanismos de gestão, de governança corporativa, tudo o que diga respeito a uma rede internacional. Com a abertura de capital, o JBS transformou-se em uma multinacional e, no ano passado, o maior frigorífico do mundo, ao adquirir a americana Swift. A primeira tarefa de Pratini de Moraes será relacionada às novas aquisições: National Beef, Smithfield Beef e Tasman, que ainda dependem da aprovação dos órgãos reguladores nos Estados Unidos e Austrália. Ele lembra que cada país tem um funcionamento do setor - e, nisto, sua experiência como ministro e membro da Abiec, virá a auxiliar.

A saída dele foi bem-vinda pelo mercado. "Para o setor, não tem mudança. Ele é um homem ligado à exportação e, nisso, o Friboi ganha", diz o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O diretor da AgraFNP, José Vicente Ferraz, lembra que o grupo está querendo se fortalecer internacionalmente e o ex-ministro pode ajudar no planejamento estratégico. "É uma aquisição necessária devido à forma como eles (JBS) estão crescendo".

O analista da Scot Consultoria, Fabiano Tito Rosa, diz que a Abiec perde bastante, pois o nome de Pratini de Moraes é muito respeitado, tanto no Brasil como no exterior. Ele acrescenta que a ida do ex-ministro também serve para mostrar "segurança" ao mercado. "Tudo o que vem fazendo até agora, desde a aquisição da Swift, é para afastar a imagem de que deu um passo maior que perna", diz. Já Paulo Molinari, da Safras & Mercado, lembra que Pratini de Moraes tem grande experiência na solução de problemas, principalmente de âmbito internacional, como os sanitários. "Com o seu tamanho, o JBS precisa contratar bons profissionais".

Pratini de Moraes está na vida pública desde 1968, quando foi ministro interino do Planejamento. Esteve também nas pastas de Indústria e Comércio (1970/74), de Minas e Energia (1992) e da Agricultura (1999/2002).

Exportações

O embargo da União Européia resultou em queda nas exportações brasileiras de
carne bovina. Segundo levantamento divulgado ontem pela Abiec, em fevereiro as vendas externas totalizaram US$341,5 milhões - 2,70% a menos que no mesmo período do ano passado - ou 165,3 mil toneladas - queda de 24,44%, na mesma comparação. Quando comparado com o mês passado, a redução é de 27,24% em receita e 16% em volume.

No acumulado do ano, o resultado de fevereiro influenciou apenas nos embarques. Nos dois primeiros meses, o País comercializou com o exterior 362 mil toneladas de carne - queda de 16,59% em relação ao mesmo período do ano passado. Em receita foram US$806,9 milhões, alta de 16,94%, na mesma comparação. Pratini explica que a União Européia prejudicou o volume, mas os preços mais altos no mercado internacional auxiliaram no aumento da receita.

Fonte: Gazeta Mercantil. Caderno C. Por Neila Baldi. 14 de março de 2008.