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Com lucro do leite, pecuarista investe para melhorar genética

por Equipe Scot Consultoria
Segunda-feira, 17 de março de 2008 -11h16
Os preços mais remuneradores do leite, com acréscimo médio de 40% em 2007, estimularam os produtores a investir na atividade. E não foi só as compras de animais, alimentação e maquinário que cresceram. O produtor também passou a adquirir mais sêmen para o melhoramento genético dos animais. Se os demais investimentos já se refletiram no ano passado - quando a produção aumentou quase 10%, o maior da década - o retorno dos resultados das aplicações em genética deverá ocorrer apenas em 2010, quando as novilhas fruto da inseminação estarão em fase de produção. Pelas projeções das empresas de sêmen, a comercialização do produto aumentou entre 15% e 20% no ano passado e, em 2008, deve registrar crescimento igual ou superior.

"O produtor vem tendo um retorno maior com a atividade e isso leva a investir mais. Mas isso não quer dizer que está tudo bem", diz a analista Cristiane de Paula Turco, da Scot Consultoria. Ela lembra que os custos também têm crescido, por causa dos grãos. Mas acrescenta que o aumento da produção é fruto do investimento, que vai desde a alimentação até genética. Os números de comercialização do ano passado ainda não foram contabilizados pela Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), mas os indícios de crescimento são atestados pelas empresas do setor. Tradicionalmente, de acordo com as empresas, quando o preço do leite sobe, vende-se mais sêmen de raças européias - mais produtivas - e quando cai, a comercialização maior é das demais.

"A impressão que se tem é de aumento de 20%. Mas a Alta Genetics Brasil cresceu mais", diz Heverardo Carvalho, diretor da empresa. Segundo ele, o preço do produto e a "segurança no futuro" é que têm impulsionado as compras dos pecuaristas. "O mundo está bebendo mais leite", afirma. O diretor-geral da ABS Pecplan, Márcio Nery Magalhães Filho, explica que, muitas vezes, o produtor passa a adquirir sêmen de animais mais valiosos, que conferem melhor performance. Foi o que fez o pecuarista Horácio Moreira Dias, da Fazendas Reunidas HD, de Coronel Pacheco (MG) , que no ano passado fez aquisições de sêmen em dois momentos - em abril e outubro - melhorando "o patamar do touro". Além das doses de sêmen, Dias investiu em implementos, visando a melhoria da produção de alimentos para os animais.

Segundo ele, a meta, com todas as melhorias - uma vez que o rebanho está estabilizado em 2,75 mil fêmeas - é aumentar a produtividade. Hoje, cada fêmea produz 8 mil quilos por ano. A expectativa é chegar, em 2010 - quando os investimentos em genética começarem a ser observado - a 9,5 mil quilos/ano.

O diretor-geral da ABS Pecplan lembra que, em média, a inseminação artificial cresce 2% ao ano no País. Ou seja, o aumento verificado nas vendas de doses para raças leiteiras é considerado excepcional. "E a movimentação, para este ano, está grande, com muito pedido de cotação e de informações sobre touros novos". Com isso, não só as vendas cresceram, mas também o preço, acompanhando, em parte, o aumento da demanda - em média, 10%. Na Lagoa da Serra a procura para a temporada deste ano está entre 30% a 40% superior, na comparação com o mesmo período de 2007. "A procura é um reflexo natural do preço pago o produtor. Assim que começou a ser bem remunerado, refletiu na venda de sêmen e outros insumos", diz Antônio Esteves Azedo, gerente-administrativo empresa. Ele lembra que no segmento leiteiro há também muita procura pelo sêmen sexado - que define se quer macho ou fêmea. Hoje 35% do faturamento da empresa vêm deste produto.

Preço voltou a subir em fevereiro

Os preços mais altos registrados no ano passado seguem ocorrendo em 2008. Segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), em fevereiro, pagou-se, em média, R$0,68 o litro - mesmo valor verificado em julho do ano passado. Comparando com janeiro, houve alta de 2,9%. Para março, 68% dos produtores e representantes de laticínios consultados pelo Cepea acreditam em novas altas. Desde outubro a cotação estava em baixa, devido ao aumento da captação, em decorrência do período das chuvas.

O valor registrado no mês passado está acima da média de anos anteriores para o período. A diferença foi de 36,5% em relação à média do mês nos últimos sete anos, que é de R$0,50.

De acordo com a analista Cristiane de Paula Turco, da Scot Consultoria, a variação ocorreu porque o consumo aumentou e a captação foi menor no Sul do País. Pesquisa da consultoria mostra que 42% das indústrias diminuíram o volume e 37% mantiveram. O Índice de Captação de Leite do Cepea/USP de janeiro mostrava praticamente uma estabilidade na captação em comparação ao de dezembro (maior do histórico), com recuo de apenas 0,12%. Aliado a isso há a questão do mercado internacional, com as exportações e cotações em alta.

Fonte: Gazeta Meracantil. Por Neila Baldi. 10 de março de 2008.