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Frigorífico ainda não retomou embarques à União Européia

por Equipe Scot Consultoria
Terça-feira, 4 de março de 2008 -10h25
Apesar do fim do embargo da União Européia, os frigoríficos brasileiros seguem sem enviar produto para o bloco por meio de suas unidades no País. A expectativa é que apenas depois do fim da missão européia - dia 11 de março - e da ampliação do número de fazendas (atualmente são 106 habilitadas) é que as remessas retomem. Durante o embargo, os preços ao produtor subiram 1,3%. Na Irlanda, aumentaram 7%. No varejo, a variação foi maior também na Europa.

"Se estiver saindo embarque, só se for de contratos anteriores ao embargo", acredita Alcides Torres, diretor da Scot Consultoria. Segundo ele, na prática, apenas as indústrias de Minas Gerais - onde 87 fazendas foram habilitadas - é que estão aptas a exportar. O diretor da AgraFNP, José Vicente Ferraz, acrescenta que as empresas brasileiras só vão poder voltar a exportar quando tiverem a garantia de fornecimento de matéria-prima. "Com essa quantidade de fazendas não dá para encher um contêiner", diz.

A restrição das vendas - acredita-se em um prejuízo de cerca de US$ 80 milhões a US$ 90 milhões por mês - elevou as cotações do boi gordo no Brasil e na Europa. Ontem, a arroba era cotada a R$ 76, em São Paulo, valor superior ao embargo. "Talvez estivesse mais alto se não tivesse ocorrido o impasse", diz Ferraz.

Levantamento da Scot Consultoria mostra que na Europa o boi se valorizou mais. Segundo a consultoria, no varejo europeu a carne também teve alta maior: entre 30% e 40%. No Brasil, o preço ao consumidor caiu 5,5% para o corte traseiro (principal exportado). "O preço foi reduzido em função da maior oferta", diz Torres. No entanto, ele ressalta que, no caso do dianteiro (corte tipicamente do mercado interno), a equação foi ao contrário: passou de R$3,40 para R$3,70 o quilo.

Para o economista Fábio Silveira, da RC Consultores, o embargo foi uma estratégia dos europeus para derrubar os preços da carne. No ano passado, os valores médios pagos pelo produto exportado foram os mais altos da década, US$2,70 mil a tonelada. Em relação ao ano anterior, a cotação média foi 5,9% superior. "O que os europeus querem é uma carne mais barata", diz.

Renegociação

Segundo ele, em um primeiro momento, o preço da carne subiu na Europa, mas depois, os importadores devem "chamar os parceiros e negociar condições mais suaves". Silveira diz que a Irlanda não tem condições de ocupar o lugar do Brasil no fornecimento de carne para o bloco. "O embargo foi um tiro no pé, porque o País pode arrumar outro cliente", avalia. O consultor Olavo Henrique Furtado, da Trevisan Consultoria, tem opinião semelhante: "A União Européia é um grande mercado, mas não é o único”. No entanto, ele acrescenta que quem dita o mercado é o comprador, portanto, o Brasil tem de fazer os ajustes necessários para voltar a exportar.

Fonte: Gazeta Mercantil. Caderno C – Pág. Por: Neila Baldi. 4 de março de 2008.