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Safra no Paraná deve manter os preços do milho em baixa

por Equipe Scot Consultoria
Quinta-feira, 19 de agosto de 2010 -09h40
A janela de oportunidade para o produtor de milho vender sua safra deve se fechar em breve: o atual preço do grão a R$21,00 por saca (base Campinas) não deve se manter e pode até apresentar queda nos próximos meses. Segundo a Scot Consultoria, ainda há muito milho safrinha (2009/2010) a ser colhido e comercializado no Paraná - maior produtor nacional de cereais.

Na tentativa de dar sustentação às cotações, hoje, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realiza o leilão de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) de milho, ciclo 2009/2010, com oferta de 250 mil toneladas para o Mato Grosso e 50 mil toneladas para Goiás.

“Com este leilão, o total apoiado pelo governo federal em Mato Grosso poderá chegar a 6,3 milhões de toneladas de milho, representando 64% do volume sustentado nesta safra”, avalia Silvio Farnese, coordenador-geral de Cereais e Culturais Anuais do Ministério da Agricultura.

Segundo Rafael Ribeiro de Lima Filho, zootecnista e analista da Scot Consultoria, o preço de R$21,00 foi impulsionado pelos últimos leilões, tanto de Pepro e Prêmio de Escoamento de Produto (PEP), já realizados neste ano e que contribuíram para “uma movimentação mais intensa do mercado interno”, além da valorização do milho. No entanto, Filho faz uma ressalva: “Acredito, que o preço (do milho) não subirá nos próximos meses em função de um grão mais novo, do Paraná, que ainda está sendo colhido”.

De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o Mato Grosso já comercializou, até agora, cerca de 49% do grão de safrinha (temporada 2009/2010), enquanto o estado paranaense vendeu menos de 5% do milho safrinha.

Nelson Costa, superintendente Adjunto da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), estima que, do milho safrinha (em processo de colheita), será produzido quase 6 milhões de toneladas. “Já colhemos 5 milhões de toneladas, o que representa 80% das nossas estimativas”, afirmou. Costa também contou que a comercialização está atrasada “porque ainda resta muito milho da safra passada (2009/2010) e apenas 10% do produto foi vendido para os mercados externo e interno”.

Costa prevê redução da área de milho em 10% para a safra 2010/2011 no Estado. Com isso, a soja deve ganhar mais espaço. “O produtor não foi bem remunerado e, além disso, o clima poderá ser ruim por conta do efeito La Niña”. “Com a perspectiva de menor produção de milho a partir de novembro, acredito que o cenário poderá ser positivo: com preços melhores e um grão mais valorizado”, diz o superintendente.

Uma análise desta semana do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) indica que o fenômeno climático La Niña resultará em chuvas acima da média no nordeste brasileiro e seca no sul do País. Segundo o Inmet, as baixas temperaturas de inverno de 2010 nos estados do sul ocorreram por conta do fenômeno climático.

Segundo a Scot Consultoria, o milho fechou cotado a R$19,50 em maio; entre R$19,50 e R$20,00 em junho e a R$17,50 em julho. Ainda de acordo com a Scot, o mês passado fechou com preços baixos devido à intensificação do plantio da safrinha. Os valores tomam como base Campinas (SP).

Vendas da Ucrânia

Enquanto o governo brasileiro subsidia a produção de milho por meio de leilões, o governo ucraniano adiou ontem, por uma semana, a decisão de reduzir as vendas de grãos para o exterior.

O conselho de ministros da Ucrânia deveria pronunciar-se sobre esta medida nessa quarta-feira, mas, por fim, decidiu não fazê-lo. “O exame desta questão foi adiado para o próximo conselho de ministros, previsto para 25 de agosto”, disse o vice-ministro da Política Agrária, Sergui Melnik, já que é necessária avaliação técnica da medida.

Na véspera, a ministra da Política Agrária, Mykola Prysiajniuk, havia afirmado que seu país iria reduzir as exportações de grãos a 3,5 milhões de toneladas até o fim de 2010 por causa da onda de calor e da seca que afetam o país, seguindo os passos da Rússia.

A Ucrânia, primeiro abastecedor mundial de cevada e sexto de trigo, exportou mais de 21 milhões de toneladas de cereais entre junho de 2009 e junho de 2010.

Fonte: DCI. Agronegócios. Por Diego Costa. 19 de agosto de 2010.