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Fusões no setor lácteo levam cooperativas para tercerização

por Equipe Scot Consultoria
Sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008 -09h36
A onda de fusões e aquisições no mercado de laticínios, liderada pela Perdigão - Eleva, está mudando a funcionalidade de algumas cooperativas e companhias do setor que passam a funcionar também como empresas terceirizadas. A Agropecuária Tuiuti, detentora da marca Shefa, está ampliando a fábrica de Amparo, em São Paulo, para produzir creme de leite e achocolatado para a Danone. "A ampliação deve ficar pronta dentro de 60 a 90 dias e aumentar o faturamento da empresa em 20%", firma o diretor comercial da Shefa, Pedro Ribeiro.

A empresa, que já faz produtos para a marca Elegê, havia concluído no ano passado a primeira etapa do projeto de ampliação, elevando sua capacidade de recepção de leite para 1 milhão de litros por dia.

A Cooperativa Central de Laticínios do Estado de São Paulo (CCL), que já produzia para a Eleva, passará a participar também da distribuição das marcas Eleva, Batavo e Perdigão. "Nós vamos aumentar o mix de produtos produzindo e distribuindo para essas outras indústrias", diz o gerente comercial da CCL, Roberto Tunicelli.

Segundo o consultor da Agripoint, Marcelo Pereira de Carvalho, o movimento de fusões e aquisições deve continuar mantendo um ambiente de dinamismo entre as empresas do setor. "A atuação da Eleva no mercado de forma bem mais forte, a capitalização da Parmalat, a compra da Vigor pelo Bertin e a entrada de grupos de fora no setor, tudo isso tem um impacto", avalia.

Para Carvalho, ainda é cedo para dizer se as cooperativas nacionais vão acabar atuando cada vez mais como prestadoras de serviços, mas já é possível verificar uma divisão de perfil. "De um lado, tem-se cooperativas que estão indo bem, investindo, alinhadas com essa tendência das grandes empresas, mas elas são exceções", diz.

Mesmo com a possibilidade de a maioria das cooperativas se tornar captadora de leite, o consultor ressalta o crescimento de algumas delas: "A Itambé está ampliando, a Aurora está construindo mais uma fábrica, e uma unidade da Cooperativa Central Gaúcha de Leite (CCGL) deve ficar pronta no primeiro semestre".

Preços

Depois da crise de sanidade que permeou o mercado de leite no segundo semestre, o setor já fala em uma retomada dos preços, que neste mês de janeiro já subiram 40% ante o mesmo período do ano passado. Para analistas, esse impulso no início do ano deve garantir uma média de preços acima da registrada em 2007; ainda assim, a rentabilidade não deve ser maior por conta do aumento do custo de produção. "Estes primeiros meses mostram uma tendência de preços mais altos e os resultados deste início de ano devem garantir uma média elevada", avalia Carvalho. Ele afirma ainda que o perigo de uma recessão nos Estados Unidos torna o segundo semestre incerto.

Após registrar o pico de pagamento realizado em setembro, com R$0,76 o litro, o preço do leite recuou 16,45% no acumulado dos últimos quatro meses. De acordo com levantamento da Scot Consultoria, a partir de agora o mercado tende a firmar-se, e, entre os indícios que apontam um cenário mais favorável ao produtor, o estudo indica o aumento das cotações dos lácteos no atacado - que em média subiram 2,60% - e dos valores praticados no mercado spot em janeiro, que tiveram alta de 4,29%. "Agora o mercado também tende a reagir porque tende a melhorar o consumo", diz a consultora da Scot Cristiane de Paula Turco.

Ribeiro, diretor da Shefa, conta que muitos laticínios localizados fora do Estado de São Paulo já começaram a estocar para a entressafra. "Sem dúvida a retomada de preços nesta época do ano também se deve à formação de estoques de queijo e de leite para a entressafra", diz.

Tunicelli, da CCl, também acredita na retomada de um período de alta nos preços. "De fevereiro para diante vai ter um aumento sim, o mercado é que vai ditar", afirma. Uma das razões é o encerramento da safra da Região Sul, principal produtora.

"O fim do crédito presumido de 6,7% que não teremos mais a partir de 1º de fevereiro também deve fazer com que os produtores repassem para o varejo esse prejuízo", completa.


Fonte: DCI - Diário do Comércio & Indústria. Por Priscila Machado. 1 de fevereiro de 2008.