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Frigorífico aproveita tudo do boi

por Equipe Scot Consultoria
Quarta-feira, 22 de novembro de 2006 -18h04
Margem de lucro dos abatedouros pode superar até 20% do valor pago pela carcaça

O ditado “do boi só não se aproveita o berro” ganhou força a partir de um estudo da Scot Consultoria sobre a remuneração que o boi gordo proporciona aos frigoríficos que comercializam carne com osso ou sem osso no mercado interno e mostra a importância de aproveitar tudo o que o animal pode oferecer. “O boi é uma verdadeira fábrica de matéria-prima”, afirma o zootecnista e consultor da empresa, Leonardo Alencar.

A pesquisa considerou toda a composição do animal: carne, couro, sebo, miúdos e outros subprodutos bovinos. “A partir do boi ‘desmontado’, verificamos em alguns frigoríficos os preços de referência de cada uma dessas partes”, explica.

CRINA, CASCOS E VÍSCERAS

De acordo com o zootecnista, está enganado o pecuarista que acredita que a composição do preço da arroba é apenas fornecida por carne, couro e sebo. Ele diz que o frigorífico aproveita 100% do animal e ainda consegue, com isso, uma boa margem de lucro. “São vendidos crina, cascos, chifres e vísceras”, diz. “Os itens que não alcançam preços interessantes no mercado, como ossos, sangue e órgãos que não são aproveitados, viram farinha para alimentar suínos, frangos e peixes.”

NOVOS ÍNDICES

Com base na remuneração total, que é quanto o frigorífico recebe pelo boi gordo inteiro, e na remuneração de alguns índices, separadamente, a Scot criou dois índices: o equivalente-carcaça - cuja referência é o preço da carne (dianteiro, traseiro e ponta de agulha), couro e sebo, mais o valor de venda dos órgãos internos e subprodutos bovinos - e o equivalente-desossa, que é igual ao anterior, mas considera a carne sem osso, ou seja, os cortes vendidos no varejo. Segundo Alencar, os índices já conhecidos do mercado, o equivalente-físico - que se refere ao preço da carne com osso - e o equivalente-Scot, que considera os preços da carne, do couro e do sebo, indicam quase sempre que os frigoríficos não têm margem de remuneração satisfatória.

Já os índices equivalente-carcaça e equivalente-desossa, mostram, ao contrário, que os frigoríficos têm um lucro interessante. Conforme explica, no equivalente-carcaça, a margem de lucro fica, em média, 10% acima do preço de compra do boi gordo, e no equivalente-desossa, ultrapassa 20%. Ele explica que a margem é a comparação dos preços entre o que o frigorífico vende (equivalentes) e o quanto ele paga pelo boi gordo, que representa 70% de seu custo de produção.

Os índices são divulgados em reais/arroba e atualizados semanalmente, com base nos preços coletados em frigoríficos da praça São Paulo, que vendem produtos e subprodutos do boi.

Fonte: Estado de São Paulo. Suplemento Agrícola. Por Beth Melo. 22 de novembro de 2006.